sábado, 4 de setembro de 2021




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Bajo el título Huellas, bordes y fronteras en Arquitectura y Filosofía: El pensamiento ético-político y estético en Jacques Derrida se intenta pensar en las relaciones entre deconstrucción y colonialidad/decolonialidad, entre el logocentrismo euro-estadounidense blanco y el proceso de colonización y esclavización en América del sur y el caribe, entre otras cuestiones que se sitúan entre sus márgenes. 

Este IV Coloquio internacional promovido por el grupo de investigación del CNPQ Arquitetura, Derrida e Aproximações (Brasil), es acogido por los integrantes colombianos del grupo, y se realizará entre la Universidad del Quindío (Armenia, Colombia) y la Universidad de San Buenaventura – Extensión Armenia (Colombia) en la modalidad remota. Teniendo en cuenta el tema general de las fronteras y los bordes, especialmente aquella entre los países latinoamericanos y los conflictos que los afectan actualmente, serán trabajadas cuestiones importantes para Derrida como la idea de huella (trace), trazo y diferimiento. Se enfatizará en la cruel supresión de las culturas autóctonas de las Américas y de todo su pasado, en la inscripción domesticadora de portugueses y españoles que impusieron sus lenguas, la reticulación del espacio con fronteras y límites, así como la resignificación de los espacios mediante nuevas definiciones.

Esa historia alcanza ya seis siglos llevando al aniquilamiento casi total de los indígenas, los pueblos originarios, sumado a los negros africanos llevados como esclavos por todas las Américas. Asimismo, se habla de la extinción de muchas lenguas y dialectos originarios de estos lugares y también africanos, y de su sustitución por la imposición de un monolingüismo blanco español y portugués asumido como civilizatorio.

Los recorridos por las fronteras, por los bordes latinoamericanos suscita y reúne las ideas derridianas de rastro, huella, hostipitalidad y, de uno a otro cabo, el diálogo también se hace con críticos de la colonialidad como Enrique Dussel, Aníbal Quijano, Aimé Césaire, Franz Fanon, Albert Memmi, Ailton Krenak, Davi Kopenawa entre otros. Cabe destacar que el recorrido filosófico del pensamiento deconstructivo siempre fue crítico de la colonialidad. Derrida inicia su De la gramatología con una crítica al etnocentrismo, analizando la mitología blanca como definitoria de la metafísica occidental, para llegar luego a lo que sería su texto más enfáticamente decolonial: El monolingüismo del otro.

Desde el inicio de su trabajo, Derrida fue extremamente crítico con respecto al europeísmo y al eurocentrismo. No obstante, muchos críticos encontraron que se trataba de uno más de los pensamientos europeizantes; también porque la deconstrucción en sus inicios se sirvió de la arquitectura como metáfora, y la arquitectura utilizó a la deconstrucción para crear el deconstructivismo y así justificar el ejercicio con formas extravagantes. Además, tanto la filosofía como la arquitectura y el urbanismo fueron, por vertientes distintas, vehículos para la construcción del humanismo occidental, civilizatorio y domesticador del siglo XVIII.

En ese sentido, el IV Coloquio Internacional busca parámetros de referencia para una práctica combativa, en el sentido no solo de una resistencia o conservacionismo frente a los atrasos provocados por una mal comprensión de la realidad producida por las guerras culturales y las Fake News, también se busca un cambio saludable y efectivo que nos permita alejarnos de los retrocesos y movernos en dirección a acciones inclusivas de nuestros pueblos en su relación con la naturaleza, el mundo y los espacios.

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Sob o titulo, "Rastros, bordas e fronteiras em Arquitetura e Filosofia: o pensamento ético-político e estético em Jacques Derrida", pretende-se pensar as relações entre desconstrução e colonialidade/ descolonialidade , entre o logocentrismo euro-estadunidense branco e o processo de colonização e escravidão na América do Sul e Caribe, entre outras questões situadas às margens.

Esse IV Colóquio internacional promovido pelo Grupo de Pesquisa do CNPQ Arquitetura, Derrida e Aproximações é acolhido pelos integrantes colombianos do Grupo, e terá sua realização na Universidad del Quindío, Armenia, Colombia, em situação remota.   Considerando o tema geral das fronteiras e bordas e em especial aquelas entre os países da América Latina e os conflitos que afetam a atualidade, serão trabalhadas questões basilares para Derrida como a ideia de rastro(trace), ‘rastreamento', retraçamento. Será enfatizado o apagamento cruel das culturas autóctones das Américas e de todo o seu passado; a inscrição domesticadora de portugueses e espanhóis que impuseram suas línguas, a reticulação do espaço com fronteiras e limites e a ressignificação mediante novas definições.

Essa história exploratória alcança já seis séculos com o aniquilamento quase total dos indígenas; os povos originários; somado os negros africanos levados para todas as Américas como escravos. Fala-se também da extinção de milhares de línguas e dialetos originários locais e africanos, e sua substituição por imposição de um monolinguismo branco espanhol e português tido como civilizatório.

A caminhada em direção às fronteiras, pelas bordas latino-americanas suscita e combina as ideias derridianas de rastro, traço, hostipitalidade, e de um o outro cabo, o diálogo também se faz com os críticos da colonialidade Enrique Dussel, Aníbal Quijano, Aimé Césaire, Franz Fanon, Albert Memmi, Ailton Krenak, Davi Kopenawa entre outros. Vale ressaltar que o percurso filosófico da desconstrução como um pensamento, desde o início sempre foi crítico à colonialidade. Derrida começa em sua Gramatologia com uma crítica ao etnocentrismo, analisando a mitologia branca como definição de metafísica ocidental, até chegarmos ao que seria o seu texto mais propriamente descolonial: O monolinguismo do outro.

Desde o início de seu trabalho, Derrida permaneceu extremamente crítico com relação ao europeísmo e ao eurocentrismo. Muitos críticos acharam tratar-se de mais um pensamento “europeizador’; até porque a desconstrução em seus inícios se serviu da arquitetura como metáfora, e a arquitetura se utilizou da desconstrução para criar desconstrutivismo, e justificar o exercício mirabolante de formas. Tanto a Filosofia e também a Arquitetura e o Urbanismo foram, mesmo que por lados distintos, veículos da construção do dito humanismo ocidental, civilizatório e domesticador desde o século XVIII.

Nesse sentido, o IV Colóquio Internacional visa buscar parâmetros referenciais para uma prática combativa, no sentido não só de uma resistência ao conservadorismo e aos retardos provocados por uma má compreensão da realidade, via guerras culturais e de fake news, mas para uma mudança salutar e efetiva que nos possa encaminhar para longe dos retrocessos em direção a ações inclusivas de nossos povos em sua relação com a natureza, o mundo e os espaços.


CRONOGRAMA. 2022

RESUMEN (500 palabras): 06 de febrero de 2022

RESULTADOS: 14 de febrero de 2022

EVENTO: 9, 10, 11 de marzo de 2022

ARTÍCULO DEFINITIVO: data a ser definido logo após o Colóquio


PROGRAMACIÓN 👀

Programación 9 de marzo mañana            

Hora Colombia   Hora Brasil   

8:30 A.M.- 9:00 A.M. 10:30 H- 11:00 H    

APERTURA  

9:00 A.M. - 9:20 A.M. 11:00 H- 11:20 H   

TENSIONES ENTRE SABERES E INSTITUICIONES: LO ARQUITECTÓNICO Y LO FILOSÓFICO. Carlos Mario Fisgativa

9:20 A.M.- 9:30 A.M. 11:20 H- 11:30 H

DERRIDA Y ARQUITECTURA: COMO SI FUESE POSIBLE PONER PUERTAS AL CAMPO!   Vicente E. Medina/ Cristina de Peretti

9:30 A.M.- 9:40 A.M. 11:30 H- 11:40 H

CIDADE, TEMPO E LINGUAGEM: Rastros e bordas, em Jacques Derrida Simone Borges Camargo de Oliveira/ Denis Borges Diniz

9:40 A.M.- 9:50 A.M. 11:40 H- 11:50 H

UM ÚTERO É DO TAMANHO DE UM PUNHO: leituras e lacunas sobre a equidade de gênero    Anelis Rolão Flores/ Thaylini Luz/ Carolina Frasson Sebalhos

9:50 A.M. - 10:00 A.M.     11:50 H- 12:00 H

EN LAS HUELLAS DE LOS DESCONOCIDOS:  la fosa común del cementerio de Igualada como metáfora del olvido. Leonardo Oliveira

10:00 A.M - 11:00 A.M.     12:00 H- 13:00 H     

CONVERSACIÓN    

Programación 9 de marzo tarde             

Hora Colombia   Hora Brasil     

4:00 P.M. - 4:20 P.M. 18:00 H- 18:20 H

TRAVESSIA DE MAR A MAR. Elisa de Magalhães/ Rafael Haddock-Lobo

4:20 P.M.- 4:30 P.M. 18:20 H - 18:30 H

DESCONSTRUIR E DESCOLONIZAR, ANTES QUE NÃO NOS RESTEM NEM MAIS RUÍNAS. Beatriz Regina Dorfman

4:30 P.M.- 4:40 P.M. 18:30 H - 18:40 H

FRANZ FANON: UM FILOSOFO AMEFRICANO Fábio Borges-Rosario/ Marcelo José Derzi Moraes

4:40 P.M.- 4:50 P.M. 18:40 H - 18:50 H

SOCIEDADE BRANCA, ARQUITETURA BRANCA: SUJEITO MODERNO E COLONIZAÇÃO. José Carlos Freitas Lemos

4:50 P.M. - 5:00 P.M. 18:50 H- 19:00 H

O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA LATINA OU O MITO DA TERRA PROMETIDA     Aline Zim

5:00 P.M - 6:00 P.M. 19:00 H - 20:00 H

CONVERSACIÓN    

    

Programación 10 de marzo mañana           

Hora Colombia   Hora Brasil

9:00 A.M. - 9:20 A.M. 11:00 H- 11:20 H

RE)CREACIONES DEL ESPACIO HABITADO, CARTOGRAFIAS DEL CUERPO-TERRITORIO. Paula Andrea Bermúdez Mejía/ Carlos Alberto Castaño Aguirre

9:20 A.M.- 9:30 A.M. 11:20 H- 11:30 H

A  LINGUA DO OUTRO: UMA ARQUITETURA DE FRONTEIRA. Lorena Maia Resende/ Luana Pavan Detoni/ Eduardo Rocha

9:30 A.M.- 9:40 A.M. 11:30 H- 11:40 H

CIDADE ERRÂNCIA: CARTOGRAFIA DA DIFERENÇA AO CENTRO DE MONTEVIDEO, PORTO ALEGRE E PELOTAS. Taís Beltrame dos Santos/ Eduardo Rocha

9:40 A.M.- 9:50 A.M. 11:40 H- 11:50 H

CONSTRUIR E HABITAR BABEL, CARTOGRAFANDO  A PRODUÇÃO DE IMAGENS URBANAS NA CONTEMPORANEIDADE. Celma Paese/ Gianluca Perseu/ Gabriela Ferreira Mariano

9:50 A.M. - 10:00 A.M.     11:50 H- 12:00 H

ANÁLISIS GENEALÓGICO DE LAS TERRITORIALIDADES EN EL DEPARTAMENTO DEL QUINDÍO 1990-2020. Norberto Marin

10:00 A.M - 10:10 A.M.     12:00 H- 12:10 H

GOIÂNIA, DA PRAÇA DO TRABALHADOR E DOS PARQUES - DO “ENTRE-CIDADE” À PAISAGEM COSMOPOLITA. Wilton de Araujo Medeiros

10:10 A.M - 11:00 A.M.     12:10 H- 13:00 H

CONVERSACIÓN   

Programación 10 de marzo tarde            

Hora Colombia   Hora Brasil 

4:00 P.M. - 4:20 P.M. 18:00 H- 18:20 H

AS BORDAS ONDE O SOL NÃO BRILHA. Dirce Eleonora Nigro Solis

4:20 P.M.- 4:30 P.M. 18:20 H - 18:30 H

O MAL DE REGISTRO: PENSAR O URBANO A PARTIR DO HABITAR MENOR    Gabriel Fernandes/ Paulo Reyes/ Bruno Mello

4:30 P.M.- 4:40 P.M. 18:30 H - 18:40 H  

O MONOLINGUISMO DA CIDADE. Gabriel Silva Fernandes/ Patricia Fernanda de Sousa Cruz/ Matheus Gomes Chemello

4:40 P.M.- 4:50 P.M. 18:40 H - 18:50 H

PENSAR LA POLITICA EN LA ELABORACIÓN DE ARCHIVOS Y TRAYECTORIAS INDIGENAS A PARTIR DE UNA DECONSTRUCCIÓN DE LOS ARCHIVOS Y LOS PROCESOS DE ARCHIVACIÓN DE LAS MISIONES CATÓLICAS SALESIANAS. Celina San Martín

4:50 P.M. - 5:00 P.M. 18:50 H- 19:00 H

PRESERVAÇÃO, DESVIOS, E RESISTENCIAS COMO DESCOLONIZAÇÂO EM ESPAÇOS PÚBLICOS DE PORTO ALEGRE: A ORLA DO ORLA DO GUAÍBA (Parque Moacyr Scliar, Usina do Gasômetro e Praça Julio Mesquita). Marcelo Kiefer

5:00 P.M. - 6:00 P.M.  19:00 H - 20:00 H

CONVERSACIÓN    

                     

Programación 11 de marzo mañana           

Hora Colombia   Hora Brasil   

9:00 A.M. - 9:20 A.M. 11:00 H- 11:20 H  

ANIMALIDADES DE LA ARQUITECTURA ENTRE ALGUNAS MALOCAS PANAMAZÔNICAS. Jhonatan Fajardo Cabrera

9:20 A.M.- 9:30 A.M. 11:20 H- 11:30 H

¿ESTAMOS FRENTE A UNA NUEVA FORMA DE SERVIDUMBRE?. José Reinel Sánchez

9:30 A.M.- 9:40 A.M. 11:30 H- 11:40 H.

DESORIGINAMENTOS: UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL DA AÇÃO DO DIAGRAMA SOBRE O TIPO    Rovenir Duarte/ Eduardo Katayama/ Lais Pretti/ Isabelle Marastoni

9:40 A.M.- 9:50 A.M. 11:40 H- 11:50 H    

A PARERGONAL AMÉRICA LATINA. Igor Guatelli

9:50 A.M. - 10:00 A.M.     11:50 H- 12:00 H

O CIRCO E O CARNAVAL EM TRAÇO: DO APAGAMENTO DE CULTURAS POPULARES PERIFERIZADAS. Consuelo Vallandro Barbo

10:00 A.M - 11:00 A.M.     12:00 H- 13:00 H

CONVERSACIÓN   

Programación 11 de marzo tarde            

Hora Colombia   Hora Brasil    

4:00 P.M. - 4:20 P.M. 18:00 H- 18:20 H

A LEITURA  A CONTRAPELO. Flávio R. Kothe

4:20 P.M.- 4:30 P.M. 18:20 H - 18:30 H

DECONSTRUCCIÓN DE LA CIUDAD: CHINA MIÉVILLE LECTOR DE DERRIDA   Sebastián Chun

4:30 P.M.- 4:40 P.M. 18:30 H - 18:40 H

LINGUAGEM, NARRATIVA E LITERATURA: A PRODUÇÃO DA CULTURA EM DERRIDA. Bianca Ramires Soares

4:40 P.M.- 4:50 P.M. 18:40 H - 18:50 H

ACCIDENTES SIN SENTIDO. RELEYENDO LA ESCRITURA DERRIDIANA DESDE EL SUR. Ana Sorin

4:50 P.M. - 5:00 P.M. 18:50 H- 19:00 H

COMO BORRAR FRONTEIRAS, MUROS E PAREDES,  por um projeto de unificação da America Latina. Fernando Freitas Fuão

5:00 P.M - 6:00 P.M. 19:00 H - 20:00 H

CONVERSACIÓN. FECHAMENTO                

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RESUMENES. RESUMOS 

 

A LEITURA  A CONTRAPELO

Flávio R. Kothe (Universidade Nacional de Brasilia)

A “verdade” do cânone literário brasileiro pode ser lida na lógica interna do seu sistema, ainda que sua historiografia não a perceba por ser incapaz de questionar os seus pressupostos. Ele como que se “comprova” pela lógica de sua coerência, “demonstra-se” ao se mostrar. A verdade não está na lógica interna do método, pois aí só se tem coerência de um sistema, uma “correção”: ela é o “objeto” aparecendo, desde que o “objeto” não seja reduzido a uma projeção do sujeito, que diz que o descobre enquanto o constitui. Não só se trata de obras de ficção, mas, assim como o conceito de obra é uma ficção, o próprio sistema que as institui como canônicas é uma ficção, ainda que tenha sido transformado em realidade nas escolas de todo o país.

O que se pode hoje fazer é o esboço de um novo percurso, prolegômenos de uma perspectiva que, embora pareça unilateral e sacrílega, é uma sacudidela necessária ao emperramento do canonizado, prenunciando o surgimento de uma literatura que reflita o encontro e desencontro de culturas no país. Todo texto contém em si outro texto, que o nega, mas não existe sem ele. É a sua alternativa interiorizada. Esta sombra, que o acompanha às costas e não é vista por quem marcha à frente, é a verdade secreta do sistema, tendendo inclusive a ser o avesso de seu discurso manifesto. É como o conteúdo latente do sonho ou do ato falho, uma fala segunda aflorando pela falha, um fiapo de luz em meio às trevas (trevas que se apresentam, porém, como certeza e luz). Este outro texto está presente no texto, mas somente se chega a ele por meio da interpretação. É um antissistema do sistema, que a dominante do texto e de sua interpretação não quer que se perceba, pois a nega e sugere caminhos de superação. Todo sistema gera seu antissistema, ainda que não queira.

Não se trata de inventar um texto arbitrário que o escritor deveria – segundo o hermeneuta – ter escrito, mas não escreveu por causa das cadeias impostas pelo sistema. Esse outro texto, esse texto alternativo está inscrito no texto manifesto, e é, mais que o seu outro lado, uma possibilidade em aberto que ele não ousou percorrer: é o horizonte do seu questionamento, de onde o seu percurso se mostra como limitação e errância. A história inscreve esse outro texto no próprio texto, sem que o autor saiba que o fez. É como se o autor desse outro texto não fosse um autor, mas a evolução das contradições sociais. Trata-se de tornar produtiva a contradição entre conteúdo manifesto e conteúdo latente do texto, como se fossem dois textos disfarçados em um só. O novo texto, gerado a partir da auscultação do texto latente – seja em forma de crítica, seja em forma de novo texto literário –, pode tornar-se mais que a explicitação do reprimido: pode escutá-lo em sua liberdade, como um novo ente, um outro ser.


¿ESTAMOS FRENTE A UNA NUEVA FORMA DE SERVIDUMBRE?

José Reinel Sánchez. PhD. Programa de Filosofía. Universidad del Quindío. rsanchez@uniquindio.edu.co  

Decía  H. L. A. Hart en su artículo ¿Existen los derechos naturales?  (1955) que si podía haber algún derecho natural para los seres humanos tendría que ser el derecho a ser libres. Con su afirmación podemos considerar que nuestra vida civil es ‘artificial’ o sea no es natural.  De ahí se deriva que es a partir de nuestra inventiva que hemos podido sacar la idea, no sustantiva, de que nuestra principal característica es  actuar de manera libre: autónoma.  Al autoconcebirnos de esa manera es comprensible que, a nuestro juicio, el derecho de libertad deba tener la fuerza de obligación que le hemos atribuido y al cual no podríamos renunciar bajo ninguna circunstancia; es un imperativo.  Sin eso que llamamos libertad, la vida de los seres humanos ya no sería la misma, quedaría degradada. Hemos luchado siempre por la libertad o las libertades de diversa índole; podríamos pecar por exceso aunque tal situación no viene al caso. Desde Hobbes hasta nuestros días, se ha discutido sobre el uso y abuso de la libertad negativa pero, aun así, la idea de libertad forma parte de nuestra ontología. Desde ese horizonte,  una revisión de nuestra situación con el mundo matemático-algorítmico-digital viene al caso.

Hemos luchado contra tiranos y sus remedos, contra los totalitarismos y contra quienes se fantasean en su realización erigiéndolo en la dimensión de superyó; sin embargo, hoy pareciera que la situación podría volverse mucho más difícil de manejar. Una forma de dominio totalitario está asentándose en nuestro frágil mundo de libertades naturales y no naturales por medio del invasivo mundo matemático-algorítmico-digital, a través de los smartphones y las diversas aplicaciones (redes y no redes – comerciales y sociales - privadas y estatales) que desde tales dispositivos nos exigen entregar todos los datos de nuestra vida privada. La suma de tales datos configuraban lo que los filósofos escolásticos medievales llamaban alma y voluntariamente los hemos entregado. Este nuevo dominio nos está llevando a una vida de servidumbre construida para un ‘feudo’ global gobernado por los magnates del mundo digital.

Hoy tenemos proyectos empresariales, comerciales y políticos con efectos  directos en la forma tradicional de llevar la vida cotidiana personal, doméstica y citadina que nos están invadiendo los y nos abocan a espacios públicos más vigilados y más perfilados a las personas en particular.  Un panoptismo  universal, no imaginado por J. Bentham, alcanzado a partir de sistemas de vigilancia muy efectivos y desde los múltiples dispositivos inteligentes que ha propiciado la revolución algorítmico-digital-electrónica que estamos viviendo y que sostiene todo proceso tecnológico del cual depende la mayoría de las actividades humanas de hoy.  De hecho, parte de esos efectos ha mejorado la calidad de vida de los seres humanos pero es innegable que dichos dispositivos han causado algunos problemas que influyen, de manera negativa, en la vida privada y cotidiana de las personas y de las comunidades. Estos aspectos se puede advertir en el notable control de la psiquis,  en el debilitamiento de la voluntad del usuario en cuanto  concierne al uso de su tiempo, a sus preferencias subjetivas, a sus criterios; se incapacita al usuario para identificar lo real o lo verdadero, para cuestionarse cuál es el motivo de su actuar.

Palabras claves: Libertad de elegir, inteligencia artificial, reeducación para la servidumbre, vida privada.


 TRAVESSIA DE MAR A MAR

 Elisa de Magalhães (EBA – UFRJ) e Rafael Haddock-Lobo (IFCS – UFRJ)

O objetivo desta comunicação é apresentar uma reflexão em torno da obra “Mar a mar”, videoarte de Elisa de Magalhães e Rafael Haddock-Lobo. O vídeo terá seu desdobramento teórico nesta comunicação, que pretende se apresentar como uma espécie de “diário de bordo” dos encontros entre Elisa e Rafael para a criação da obra.[1] 

A obra marca a encruzilhada dos mares, os avessamentos e os atravessamentos das águas, entre pedras naturais ou não, margens feitas ou criadas pelo próprio movimento das marés. Nesse sentido, a obra quer trazer à cena o próprio “entre” a que o mar nos destina, mas também, certamente, tratar daqueles que foram atravessados pelos mares à força, como mão de obra escrava. Trata, portanto, de aventuras e desventuras, de diásporas e errâncias, mas, por tudo isso, sobretudo, de cruzos.

É por essa razão que, para atravessar a obra “Mar a mar”, para tal traspassamento, a obra de Derrida nos serve como um estranho guia. Estranho pois, como se sabe, a ideia de orientação é avessa à própria desconstrução. Neste sentido, Derrida nos acompanhará como o élitro que flutua entre masculino e feminino, de Esporas, ou como um guia-fantasma, lembrando que o fantasma, como em Espectros de Marx, é aquele que se situa não apenas entre vida e morte, mas entre todos os dois que houver, entre qualquer x e y.

Esse estranho e dançante guia nos ajuda a pensar o mar, atravessado como contra-movimento do hífen colonial que invade a Argélia e o torna franco-magrebino, e que o faz atravessar o Mediterrâneo, entre desejos, ânsias e vômitos. Mas também nos leva a pensar as margens, beiras, bordas e limites que mostram que a vida é sempre, como também diria o Riobaldo de Grande Sertão: Veredas, travessia.

“Mar a mar” certamente segue esse movimento de destinerrância de Jacques Derrida, como também ecoa as ressacas do Atlântico Negro de Paul Gilroy, os muitos poéticos mares de Edouard Glissant e os pensamentos Atrânticos de Lélia Gonzalez.

Mas o que dizer das pedras, aquelas que guardam os segredos do mar? São elas que nos ensinam, segundo João Cabral de Melo Neto, mas são elas também que, como diz Exu, matam ontem o pássaro, mesmo quando lançadas hoje. As pedras de cabral e de Exu, que nos ensinam, embaralham tempos e lugares, na medida em que o segredo, aquilo que é críptico (como diferencia Derrida, em Donner la mort, do abscôndito), marca a própria relação com o real.

“Mar a mar” poderia ser pensado como o canto do real, inspirado por Ogum Beira-Mar, Jacques Derrida ou tantos outros caboclos que nos ensinam que a vida é a oscilação da asa de uma libélula, diante dos cantos de sereias, que se penteiam, elas também, por sobre as pedras, e nos convidam, como a cabocla Lóri, a um mergulho no mar. 

Palavras-chave: Travessia, desconstrução, colonialidade


ANIMALIDADES DE LA ARQUITECTURA ENTRE ALGUNAS MALOCAS PANAMAZÔNICAS 

Jhonatan Fajardo Cabrera. Docente de Literatura y lengua castellana Universidad de la Amazonia

Email: adveric13@hotmail.com

Del otro lado del mundo de la modernización unidimensional, de la megaproyección, de la capitalización, de la idea de desarrollo que pretende imponerse y sedimentarse, sin importar el agotamiento sobre el cuerpo y la tierra exhaustos, con tal de hacer su buen agosto; diversos mundos resisten y reexisten, deconstrucciones acontecen, mientras rastros diferenciales comparecen, entre las construcciones panamazónicas conocidas como malocas.

Alteridades animales, vegetales, minerales, entre otras huellas y flujos vitales se entretejen, pregnancias sin plena continuidad, ni discontinuidad, atraviesan y dinamizan otramente las delimitaciones demasiado seguras de sí, amplían el sentido de lo humano y lo social, dejan temblar los umbrales, los fines, los bordes, las herencias, eso que nos escribe y reinventamos. Antes que edificarse sobre la completud y la potenciación soberbia de un individuo que se presume propietario indivisible y capaz de todo ocuparlo a plenitud para erguir sin límites sus condominios, autodefensas y torres de bien. La maloca desmantela la razón de los más fuertes, remueve los fundamentos del presupuesto dominio de amos y señores, recuerda que no somos los primeros elegidos, dueños exclusivos del mundo; entre sus espacialidades entreabre a otras temporalidades, así como al abrigo de las palabras, las plantas, la música, el humo y el fogón, entre la selva y la urbe, acoge y expone a las relaciones con las multiplicidades excedentes del animalero y del cosmos de los que somos parte, dando lugar al intenso entretejido de la existencia en común.   

Las malocas dislocan la presupuesta autoridad de un punto de vista antropoegocéntrico que parece predominar en la escala arquitectónica convencional. Entre sus estructuras dinámicas y los elementos que las revisten, diversas naturalezas interactúan, danzan, se transforman y animan la vida comunitaria. A través de la apertura de las sensibilidades y del diálogo con los saberes orales se reconoce que ni la arquitectura, ni la belleza son privilegios humanos; así como tampoco se trata de sólo cualidades autosuficientes exclusivas del juicio establecido por lo que suele llamarse occidente. Diversos pueblos amerindios así lo testimonian y colectivamente han aprendido y desarrollado, entre redes de relaciones diferenciales, en la convivencia y la solidaridad ancestral con otros vivientes, diferentes técnicas, formas de diseñar y construir estas moradas, claves para la vida y la sobrevida de la panamazonia; pues como lo evoca la voz mayor de un maloquero uitoto: “las respetamos, las cuidamos y nos protegen (…) me gusta cuando llueve escuchar estas pajas, la presencia de los abuelos y abuelas que las levantaron, que me oigan cuando les canto al amanecer (…) para todo mundo en la selva son importantes, son semillas de memorias que vienen y hacen florecer el presente (…) Ya anochece, ¡ey! mira ese colibrí, guardémosle algo a quienes están viniendo.”

 

FRANZ FANON: UM FILOSOFO AMEFRICANO

Fábio Borges-Rosario. Doutorando em Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Marcelo José Derzi Moraes. Doutor em Filosofia.  Professor na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Apresento neste artigo os passos assentados rumo a descolonização e desconstrução do ensino de Filosofia. A leitura de Franz Fanon chega na pesquisa como abalo ao prescrito na legislação antirracista quando compromete as pessoas na condição de regentes de turmas tanto na educação básica quanto no ensino superior a ensinar com filósofos africanos e da diáspora. Fanon reúne em seu pensamento tanto as questões das pessoas da África quanto da América, num diálogo que também convida para a gira as pessoas da Ásia, da Oceania e da Europa.

Palavras-chaves: Colonização, Neocolonização e Descolonização.

 

SOCIEDADE BRANCA, ARQUITETURA BRANCA: SUJEITO MODERNO E COLONIZAÇÃO

José Carlos Freitas Lemos. Universidade Federal Do rio Grande do Sul

Jose.lemos@ufrgs.br

 O presente artigo pretende analisar as emergências concomitantes e relacionadas do sujeito moderno e do mito do branco na escultura e arquitetura europeias do século XV. Uma das novidades introduzidas pela modernidade europeia na transição da Baixa Idade Média para o Renascimento foi o surgimento da questão do sujeito na filosofia. Importa compreender a presente leitura histórica a partir da proposta analítica genealógica trazida por Foucault de Nietzsche. Em tal perspectiva não existem autores para práticas e pensamentos, não existe o princípio, uma origem, teleologias ou finalidades. A genealogia é uma rede de emergências e proveniências que relaciona, na maneira de uma nau sem piloto, as movimentações sociais, culturais e políticas como maquinarias, amplos movimentos de práticas e maneiras de pensar historicamente coincidentes. Sumariamente se desfaz o sentido da ideia histórica de autoria. Sociedades europeias de várias regiões chegavam no final da Idade Média exauridas da proposta multissecular que amalgamava práticas, pensamentos, explicações religiosas, sociais, econômicas que as limitavam, estigmatizavam e aprisionavam. Surgia a busca por novos conhecimentos que pudessem libertar corpos e mentes. O humanismo antropocêntrico emerge no século XIV com estes componentes de descoberta ao mesmo tempo em que uma nova Europa urbana constitui os burgos e a nova casta social dominante, a burguesia. Neste momento inicia o amplo movimento de caça às bruxas, acompanhando o despertar e emergência da modernidade capitalística. Federici analisa magistralmente a resistência feminina à estruturação capitalística e como as mulheres foram ao longo dos séculos XV a XVII varridas e apagadas do protagonismo da história. O homem então, tendo retirado a mulher de cena e a rebaixado para uma condição inferiorizada, olhando para si mesmo, viu um macho branco que ansiava ser forte, rico e poderoso, mais que os outros. Estão aí presentes características que sustentariam a proposta europeia capitalista e colonialista dos próximos séculos. À esta equação se soma o racismo, novidade histórica sem precedentes. A superioridade racial baseada em qualidades, características e habilidades comuns biologicamente herdadas somente foi possível a partir do pensamento europeu moderno que questionou o sujeito. Portanto, o europeu branco, capitalista será racista e colonialista. Usará corpos de outras raças, independente de sexo ou idade, porque sequer humanos serão e assaltará regiões destas outras etnias porque precisará suprir sua própria condição de força e poder em contínua e exclusiva apreensão de riquezas materiais e de conhecimentos. Assim, quando no século XV europeus passam a olhar para o passado da estatuária e arquitetura greco-romanas, percebem suas cores, esmaecidas pelo tempo, mas preferem lacrar nova verdade sobre elas, de um ideal branco, nunca existido. Este texto pretende perseguir nos séculos de modernidade a história do branco principalmente na arquitetura, passando pela perspectiva de maior força ainda vigente nos círculos eruditos e acadêmicos de conhecimento arquitetônico, as propostas estéticas modernistas de princípios do século XX. Tais valores se encontram nos cursos de graduação a espera de urgente problematização e crítica, como uma das principais possibilidades de mudança e solução para as cidades de hoje e amanhã.

Palavras-chave: arquitetura, modernidade, colonialismo, sujeito, cor branca.


UM ÚTERO É DO TAMANHO DE UM PUNHO: leituras e lacunas sobre a equidade de gênero.

Flores, Anelis Rolão. Arquiteta e Urbanista, Doutora em Arquitetura, PROPAR-UFRGS. Professora UFN-SM.  anelis.flores@gmail.com; anelis@ufn.edu.br

Luz, Thaylini. Arquiteta e Urbanista. thayliniluz@gmail.com

Sebalhos, Carolina Frasson. Arquiteta e Urbanista, Mestre em Arquitetura e Urbanismo, UFPEL. carolsebalhos@gmail.com

Este artigo pretende examinar as questões relativas ao silenciamento das mulheres, invisibilidade e memoricídio, no que tange a profissão de arquiteta e urbanista, a partir da língua. No ano 2022 vivemos duzentos anos da independência do Brasil, festividade que se dá a partir da cena imaginada da emancipação, mas em sua realidade foi um processo conservador de manutenção das estruturas de poder das elites e do colonizador europeu de língua portuguesa. Também, entramos nesse ano com o lançamento do romance de Valter Hugo Mãe, intitulado  As Doenças do Brasil, no qual o autor recria e transfigura a língua brasileira-portuguesa, narra a língua invadindo o útero-mulher-brasil e a brutalidade da disseminação semântica do sêmem europeu.  Não falamos nunca senão uma única língua, ou antes um só idioma, e não falamos nunca uma única língua, ou antes não há idioma puro, nos lembra Derrida. No que cabe ao campo das arquitetas, recentemente, foram realizados diversos estudos pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo e outras instituições, que conseguiram quantificar e sistematizar dados sobre a atuação profissional, equidade de gênero e violência contra a mulher. Neste cenário, destacam-se a elaboração do “Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo”, documento focado nas arquitetas, e a pesquisa “Sem Parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, com um grupo diverso de mulheres, que serviram de base para a elaboração da pesquisa de análise qualitativa. O texto, também, é apoiado em revisão bibliográfica sobre gênero, colonialismo e Derrida. As análises revelam as dinâmicas do cotidiano, com ênfase no trabalho e nas condições de vida a partir das experiências das mulheres e que evidenciaram a intensificação da desigualdade que compõem a sociedade brasileira. A partir dos dados obtidos refletimos sobre as lacunas, não apenas do feminino e masculino, como ainda sobre a raça presente nos estudos, permitindo assim, que mesmo fora do lugar de fala do racismo, conseguimos ter consciência dos nossos benefícios e focamos na experiência do grupo. A dupla opressão de raça e gênero configura-se como um agravante observado na análise destes dados que impacta a atuação profissional, a remuneração e o assédio.  Outra lacuna que entra na reflexão é a das cidades que refletem uma visão da mulher aliada da vida privada e distante da vida pública, retirando-as das decisões sobre o espaço público e aproximando-as das atividades de zelo com os filhos, idosos e doentes. Cidade regulada pela prioridade da re-produção e não na geração da vida, inibindo a autonomia nos espaços públicos e excluindo a experiência feminina, reduzindo a qualidade de vida e o convívio, gerando um ambiente homogêneo, nunca plural. Neste cenário construído sobre lacunas, o encontro com o pensamento de Derrida, com o falo-logocentrismo, carrega uma significação política que ultrapassa as pautas das reivindicações feministas e se aproxima da categoria do outro, do outro que está a margem, de todos que são subalternizados.  A partir dessa exposição pretende-se contribuir não só para a reflexão da atividade profissional, como para a desconstrução das representações e barreiras. A poeta Angélica de Freitas escreve Um útero é do tamanho de um punho/ não pode dar soco, o que pode parecer uma sentença, mas o poema continua e mais tarde nos apresenta o útero errante, talvez um útero outro. Por fim, esses desvios precisam sair da fase de produção intelectual para a sua efetiva ação.

Palavras-chave: Urbanismo igualitário. Gênero. Arquitetas. Linguagem.

 

DECONSTRUCCIÓN DE LA CIUDAD: CHINA MIÉVILLE LECTOR DE DERRIDA 

Sebastián Chun (Universidad de Buenos Aires)

sebaschun@hotmail.com

El pensamiento de la deconstrucción puede entenderse como una reflexión obsesiva sobre las fronteras. Porque no existe un límite monolítico, hermético, claro y distinto, que permita escindir dos esferas replegadas sobre sí. La novela “La ciudad y la ciudad” de China Miéville, cautivante de principio a fin, nos invita a recorrer algunas derivas de la filosofía derridiana.  Si las fronteras son múltiples, porosas, fragmentarias, contingentes, móviles e históricas, una ciudad se separa de manera deficiente otra. En otras palabras, hay efecto de frontera, pero esta se encuentra atravesada por una multiplicidad incontable de pasos de frontera. Si no hay un único límite, eterno, inmutable, entonces tampoco hay dos unidades herméticamente cerradas sobre sí. La totalidad se resquebraja y lo que hay son entramados, contaminaciones, parasitismo, dissensi. Por lo tanto, lo así llamado íntegro no es más que un efecto de unidad homogénea. Lo Otro es constitutivo de lo Mismo, no hay propio sin ex-apropiación. Lógica auto-inmunitaria, que reconoce la presencia espectral de la alteridad desde un pasado inmemorial, parásito constitutivo de ese cuerpo que se pretende mantener salvo e indemne. Entonces, entre dos siempre hay un tercero, un “entre” indecidible, la Brecha, “khôra” platónica, no-lugar que sirve de condición de posibilidad para el espacio y la partición de lo sensible. Espaciamiento que produce los efectos de frontera. Fuerza de ley que funda el orden. Pero que las fronteras sean una invención no quiere decir que no sean necesarias, incluso en su contingencia. Sobre todo cuando se pone en evidencia el poder desterritorializador del capital, que no sabe de límites ni de ley.  ¿Y qué sucede con Orciny? No es más, ni menos, que el espectro que asedia toda presencia, porvenir que motoriza la auto-hetero-deconstrucción de cualquier unidad, incluso la de la ciudad.      

 

PENSAR LA POLITICA EN LA ELABORACIÓN DE ARCHIVOS Y TRAYECTORIAS INDIGENAS A PARTIR DE UNA DECONSTRUCCIÓN DE LOS ARCHIVOS Y LOS PROCESOS DE ARCHIVACIÓN DE LAS MISIONES CATÓLICAS SALESIANAS

Celina San Martín (ICA-FFyL-UBA) celinasanmartin@gmail.com

En este trabajo me propongo caracterizar la noción de archivo desarrollada por Jacques Derrida en relación con las nociones de ideología y política propuestas por Louis Althusser y evaluar sus potencialidades teóricas y metodológicas para la elaboración de un archivo y un contrarrelato subalterno. Durante la elaboración de trayectorias mapuches, tehuelches y mapuche-tehuelches con las comunidades y familias de Santa Cruz, Argentina, la deconstrucción del dispositivo archivo misional salesiano se presentó como una oportunidad para reelaborar los modos de archivación o de guardado, registro y custodia de determinados eventos y sucesos. Tanto las lecturas a favor del pelo como las lecturas bajo tachadura de los documentos en los reservorios físicos combinado con una etnografía ampliada de este gesto de archivación nos permitió, por un lado, la identificación de series y categorías bajo las cuales el relato historiográfico organizó la superficie sensible a la vez que, por otro, nos impulsó a reconstruir, imaginar y leer otros órdenes posibles. Tomando como punto de partida el principio toponomológico de la noción de archivo derridiana indago en qué medida la pregunta sobre los órdenes tópicos y las órdenes nómicas, o de autoridad, pueden ser repensados desde reflexiones arquitectónicas; en particular, ante el reclamo de restitución documental y archivística indígena, me pregunto sobre el desafío que constituye la construcción de una “nueva” tópica y nómica de guardado.
Palabras claves: archivación, política, trayectorias indígenas

 

PRESERVAÇÃO, DESVIOS, E RESISTENCIAS COMO DESCOLONIZAÇÂO EM ESPAÇOS PÚBLICOS DE PORTO ALEGRE: A ORLA DO ORLA DO GUAÍBA (Parque Moacyr Scliar, Usina do Gasômetro e Praça Julio Mesquita)

Marcelo Kiefer. UFRGS

A Orla do Guaíba, na área do Parque Moacyr Scliar, Usina e Praça Julio Mesquita em Porto Alegre, é borda da cidade com o lago, borda das antigas terras de ocupação indígena alargadas por aterro para ser, entre outras coisas, margem social de uma organização escravocrata. Local de enforcamentos e do presídio da ponta da cadeia, hoje extinto, dinamitado em 1962. Ali também foi construída a usina termelétrica ‘Gasômetro’, que alimentou a iluminação da Redenção na Exposição de 1935, e que hoje é Centro Cultural e cartão postal da cidade. Desde os anos 1980, o uso e as ocupações foram repensadas como espaços mais democráticos, mas o estudo do local em toda sua história requer a discussão crítica das narrativas de ocupação e atenção aos apagamentos e invisibilizações que influenciam na distribuição dos poderes na atualidade. 

Este trabalho cerca, por fragmentos, em desvios e resistências, e com outro olhar sobre a preservação, a história desse lugar que é tão significativa pra identidade da cidade e para desconstrução das narrativas colonizadoras.     

Palavras-Chave: Preservação; Porto Alegre; orla, borda, espaços públicos; resistências; desvios, descolonização.

 

ANÁLISIS GENEALÓGICO DE LAS TERRITORIALIDADES EN EL DEPARTAMENTO DEL QUINDÍO 1990-2020

Norberto Marin

nmclavijo@uniquindio.edu.co

El presente proyecto de investigación tiene por objetivo realizar un análisis genealógico que nos permita identificar cómo las distintas formas del poder han propiciado diversas territorialidades en el departamento del Quindío y cuáles han sido los impactos de las mismas en la configuración y conservación del territorio. Para cumplir con dicha finalidad, se requiere, primero, hacer un análisis de material de archivo sobre políticas públicas nacionales y locales, producción académica, prensa regional, producción cultural, social, ambiental y económica, con relación a las prácticas de gobernanza y gobernabilidad. Segundo, comprender las representaciones sociales de actores locales activos políticamente, desde entrevistas semi-estructuradas. Esto significa que dentro de los distintos gremios sus posiciones y labores superen el quehacer profesional y se ocupen de opinar públicamente, propiciar debates, de proponer alternativas a las formas tradicionales de sus labores dentro de su agrupación, que generen espacios de toma de conciencia ciudadana sobre los factores que pueden afectar el territorio, para generar así procesos de participación democrática comprometiendo las labores cotidianas con la preocupación por el territorio y sus formas donde además se involucren a las nuevas generaciones.  Por último, es necesario establecer un cruce entre la información obtenida con el análisis de archivo y las representaciones sociales, con el propósito de lograr identificar las formas de poder que configuran el territorio y los efectos que trae sobre él. Se toma como referencia de inicio el año 1990 en tanto surge la primera gran crisis del departamento, la cafetera y como cierre el año 2020 en tanto la pandemia hace girar la mirada a otras formas de producción y ordenamiento territorial. Se pudo evidenciar que tanto a nivel normativo como de percepción ciudadana, existe un exceso de confianza en la idea de sostenibilidad, la cual reducen a un mero valor económico y en la que no depositan ningún tipo de crítica, por otra parte, la existencia de normas que garantizan la participación ciudadana en la toma de decisiones sobre el territorio, ha permitido que actores locales comprometidos hayan hecho uso de las mismas para oponerse a proyectos de intervención que cambiarían drásticamente las dinámicas territoriales, logrando hacer evidente que la visión institucional sobre la restauración de un ecosistema por la producción o prácticas contaminantes que producen particulares debe ir más allá de la simple bonificación económica y esto se ha podido lograr por los procesos de educación ambiental impartidos en distintos niveles educativos garantizados por las mismas normas colombianas, creando así ciudadanos conscientes de su papel a la hora de pensar sus territorios. Pese a lo anterior y a manera de perspectiva de futuro, el panorama para el territorio Quindío es incierto, pues sobre él se presentan gran cantidad de proyectos de alto impacto ambiental, pero las organizaciones sociales han demostrado además del interés por el cuidado de su entorno, apropiarse de las herramientas que las leyes nacionales y locales ofrecen a partir de mecanismos de participación para repeler la masiva llegada de proyectos de intervención, ahora bien, se enfrentan a nuevas maneras de deslegitimación de sus labores como la judicialización de sus acciones y la confrontación ciudadana.

 

CIDADE, TEMPO E LINGUAGEM: Rastros e bordas, em Jacques Derrida

 Simone Borges Camargo de Oliveira. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás. bsimoneborgesarquiteta@gmail.com..

Denis Borges Diniz. Professor de História da Filosofia Moderna e História da Filosofia Contemporânea no Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás (IFITEG).denisfilosofia@gmail.com

O presente artigo pretende apresentar de maneira breve, e despretensiosa, reflexões sobre a cidade como linguagem em sua materialidade e subjetividade, e as possíveis aproximações com o pensamento de Jacques Derrida. A tese em questão diz respeito à emancipação e transbordamento do signo, da linguagem, ao romper com a idealidade do conceito clássico, no sentido de alargar, abrir horizontes. Trata-se aqui, a palavra “cidade”. Cidade, em movimento, em desdobramentos infinitos como condição de possibilidades de desconstrução, tendo em si mesma infinitas possibilidades de “significante para significante”, em constante movimento de significações, no tempo.  A vivência da cidade em termos de lugar construído pelo homem é o reflexo de suas relações no tempo de cultura e memória. Sua existência só se revela pelo seu olhar em movimento e pelos vínculos estabelecidos em seu espaço. Aponta para um olhar orientado a outras manifestações socioculturais, normalmente associadas a narrativas e a fazeres localizados, de uma ‘comunidade’, que muda a cada momento. O traço da cidade se constitui por diversos gestos, passos dos homens, inscritos nos lugares, mapas e rotas infinitas, inscritas nas rugosidades, nas camadas do tempo presente, passado e futuro, em suas diversas superposições de sentidos, como linguagem. A cidade grande é um enorme espaço banal, o mais significativo dos lugares. Todos os capitais, todos os trabalhos, todas as técnicas e formas de organização podem aí se instalar, conviver, prosperar. Nos tempos de hoje, a cidade grande é o espaço onde os fracos podem subsistir. (SANTOS, 2004, p. 71) Assim, a linguagem abriga em si mesma uma espacialização, um lugar, este lugar que abriga “imagens de intimidade”, abriga lembranças, esse lugar revela-se pelos passos entrecruzados dos homens pelas cidades. Os lugares vividos, em seu passado, acolhem testemunho presente, transbordam o acolhimento da linguagem – futuro, passado, “o significado funciona aí desde sempre como um significante” (DERRIDA, 1973, p.8)   


O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA LATINA OU O MITO DA TERRA PROMETIDA

Aline Zim. Centro Universitário de Brasília (CEUB). alinezim@gmail.com

Não se pode entender a América Latina sem admitir que somos um capítulo na história das utopias europeias. Aos olhos do mundo, principalmente dos colonizadores europeus, a América tinha os dois componentes básicos para a instauração das utopias do velho mundo: o tempo e o espaço. Boa parte das narrativas fundacionais latino-americanas vêm dos mitos evangelizadores. Ao projetar-se para o futuro, a América propiciou ao Ocidente a concretização da utopia da Terra prometida. Contraditoriamente, há um contraste entre os modos e o pensamento utópico: uma grande variedade de experiências sociais e arquitetônicas na América Latina, principalmente, a partir dos mitos de origem ocidental europeia, afirmam a hierarquia entre colonizador e colonizado. O mito da unidade latino-americana, como se um homogêneo contínuo fosse mais conveniente para explicar o mito de origem universal: “o descobrimento”.

Fernando Ainsa (1997), em La Reconstrucción de La Utopia, afirma que cabe à América Latina realizar-se num projeto alternativo e deixar de ser uma sombra do Ocidente. As narrativas fundacionais sobre o “descobrimento da América” afirmaram a hierarquia de valor e de poder até hoje instituídas, em que há um ponto de origem, logocêntrico, científico e religioso: desde a Utopia de Thomas Morus, o El Dourado até a busca da Terra prometida. Tais narrativas ilustram esse mito de origem, uma origem cristã, eurocêntrica e filosófico-ocidental. O descobrimento das Américas guarda elementos da busca da Terra prometida em Gênesis, como uma promessa de paraíso no além-mar. As incursões ao El Dourado e a ideia da América como um paraíso perdido trazem um duplo movimento de esperanças e frustrações nas grandes imigrações entre continentes. Já o socialismo científico tem elementos do socialismo utópico, desdobrando arquiteturas míticas, como as comunas de Charles Fourier, em experiências concretas pelo tempo e espaço latino-americano.

Desestabilizando as correntes hierárquicas ocidentais que sustentaram a filosofia clássica, o conceito de desconstrução de Derrida nos aponta um caminho possível, não de destruição, mas de desmontagem das narrativas fundacionais da América Latina. Diferente da arquitetura, onde o desmonte implica quase sempre em destruição, desconstruir narrativas implica no seu questionamento, na decomposição e na reorganização dos seus discursos. Os textos de Derrida apontam o problema do pensamento ocidental polarizado pelas dicotomias: dentro/fora; corpo/mente; fala/escrita; presença/ausência; natureza/cultura; forma/sentido. Tais oposições são dialéticas, e persistem pela sua ambiguidade e simultaneidade. Mitos e cânones tendem à sua automatização linguística. Em busca das verdades instituídas, a desconstrução do discurso dos colonizadores e colonizados, a partir das grandes narrativas, pode trazer importantes chaves de leitura, para uma reconexão do espaço-tempo latino americano, mais plural e inclusiva.

Palavras-chave: Desconstrução, América Latina, mitos fundacionais.


DESCONSTRUIR E DESCOLONIZAR, ANTES QUE NÃO NOS RESTEM NEM MAIS RUÍNAS

Beatriz Regina Dorfman

 bdorfman@pucrs.brbiadorfman@hotmail.com

Esse texto iniciou como mais uma tentativa de compreender um pouco o crescimento do autoritarismo, das arbitrariedades, das injustiças sociais e de como esses problemas se manifestam na vida das cidades em seus múltiplos aspectos e ao redor do mundo ocidental contemporâneo. É um ato de resistência e um pedido de ajuda. Muitos pensadores aportaram contribuições para este estudo, aprofundando aspectos da desconstrução, como Ricardo Timm, Eduardo Galeano, Sérgio Ferro, Márcia Tiburi, Ailton Krenak, Josep Maria Montaner e Zaida Muxi, Amos Oz e, em especial Jacques Derrida e Rafael Haddock-Lobo. É cada vez mais urgente descolonizar o que ainda resta das culturas de povos que vêm sendo negadas e aniquiladas desde o pretenso “descobrimento” da América, no século XV. Trata-se de descolonizar e recuperar as construções culturais ancestrais dos habitantes originários do continente, antes que não reste mais nada nem ninguém para contar essa que é a nossa história. Em O monolinguismo do outro, Derrida refere um estranhamento em relação à própria língua materna, no caso dos magrebinos de fala francófona, que pode ser transposto para o contexto brasileiro, através da história da aniquilação das inúmeras línguas dos povos nativos. O projeto de cidade (de mundo) que queremos (sonhamos) deve se tornar cada vez mais inclusivo e acolher e incluir em suas prioridades a atenção e o cuidado a todos os aspectos da vida, sob pena de perpetuar e multiplicar o genocídio e as injustiças sociais.

Zaida Muxi e Josep Maria Montaner apresentam soluções marcadas por estudos de casos e de necessidades locais e específicas que levem em conta a sustentabilidade urbana, através da compreensão da cidade como ecossistema, regido por inter-relações entre organismos vivos, processos e ciclos ecológicos, com a participação das comunidades e o envolvimento dos cidadãos. Desta forma, as necessidades reais e específicas de cada lugar ou comunidade poderão ser atendidas, com a participação de todas, todos e todes. Os diferentes atores e grupos sociais podem ter maior visibilidade e valorização, como as mulheres, crianças, idosos, pessoas de todas as cores, pne, lgbtqia+. Uma crescente participação de todos os grupos sociais nas mais diversas áreas da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo, que abordam a comunidade como estrutura dinâmica e multifacetada, que não pode mais excluir o diferente e começa a dar espaço para uma arquitetura ecofeminista. O projeto de cidade que queremos (sonhamos) deve se tornar cada vez mais inclusivo e acolher em suas prioridades a atenção e o cuidado a todos os aspectos da vida


CIDADE ERRÂNCIA: CARTOGRAFIA DA DIFERENÇA AO CENTRO DE MONTEVIDEO, PORTO ALEGRE E PELOTAS

Taís Beltrame dos Santos e Eduardo Rocha (Universidade Federal de Pelotas)

Se o traçado das cidades foi edificado perante o modelo hegemônico e sedentário europeu, mesmo na América Latina, importando estriamentos e cenários que ignoram a topografia, o clima e as práticas exercidas nesse território, nas esquinas e fronteiras que insistem em movimentar o estriamento da cidade, moram algumas pistas para a desconstrução do pensamento sobre as relações tecidas no aglomeramento central. Às margens das temporalidades imperativas, os seres lentos conformam territórios lisos no centro das cidades questionando através da troca e da hospitalidade a ordem vertical e colonial que lhes é imposta. Provocando uma nova leitura e prática do espaço, situam o conflito a partir do questionamento da homogeneidade que ignora as potencias da diferença. Nas muitas temporalidades e sedimentações articulados na cidade, os diversos atores das redes formalizadas e para-formais indicam seu território a partir da língua que pronunciam, dos dispositivos que os acompanham e dos produtos que comercializam, fazendo uma aluzãos aos errantes e esperrantes de Fuão e Derrida. No encontro entre os estrangeirismos ainda desconhecidos e já incorporados pode-se dizer sobre o tempo de sedentarização e por que não de conquista, de um espaço articulado. As relações evidentes entre o uso do espaço privado e público, proporcionam revelações sobre esses territórios e acolhimentos. Coadjuvando sentidos de memória, pertencimento, acolhimento, segurança e formalidade, as relações exercidas e pronunciadas no espaço público comum, são uma cartografia territorial de acontecimentos. Dos tantos outros estrangeiros que hoje articulam nosso território, o uso do espaço público escancara as relações políticas e culturais de um colonialismo ainda pungente. Ocupando os espaços mais sedentários da cidade, estão os detentores da propriedade maior, a terra. Esses são donos dos edifícios, magazines... colonizadores primeiros, que criam e reproduzem as normas capitalistas e de dominação que impõem. Sãos os falantes do monolinguismo. Temos também os vendedores sedentarizados, que vendem doces, pães, chás, consertam relógios e distribuem notícias. São uruguaios, italianos, mestiços... brasileiros! Que falam a monolíngua e articulam os usos e necessidades próprios do sedentarismo, ocupando o mesmo locus no espaço público por anos a fio. A seguir, temos os vendedores ambulantes, agentes que utilizam mesas bem postas, falam bem o português e ou o espanhol, mas ainda estão encontrando um lugar na malha estriada, embora conheçam o funcionamento do sistema imperativo. Esses, costumam vender ilegalidades e produtos de baixa qualidade. E por fim, temos os vendedores ambulantes menos sedentarizados. Normalmente Imigrantes recentes (senegaleses, haitianos, venezuelanos) ou catadores, que utilizam o espaço brevemente, com toalhas e dispositivos facilmente transportáveis. O espaço que ocupam não lhes é próprio, são errantes e falantes de uma língua outra, estrangeira. Em contato com a alteridade e os acontecimentos possibilitados pelo centro de Montevideo, Porto Alegre e Pelotas, me encontrei usos e práticas do espaço que permitem a assimilação das correlações obvias entre língua, território, sedentarização e domesticação. Buscando alternativas que contemplem a potência da pluralidade, em um movimento de espera e errância, de migração e sedimentação que acompanha a história da humanidade, expressaremos algumas possibilidades de pensarmos o território a partir do plurilinguismo pronunciado e registrado no centro das três cidades.


O CIRCO E O CARNAVAL EM TRAÇO: DO APAGAMENTO DE CULTURAS POPULARES PERIFERIZADAS

Consuelo Vallandro Barbo, graduada em LETRAS e Mestre em Artes Cênicas pela UFRGS.

Este artigo busca promover uma reflexão a respeito de algumas manifestações populares e dos apagamentos sistemática e historicamente realizados sobre elas, evidenciando assim um processo claro de preconceito institucionalizado e consequente exclusão de segmentos associados a uma etnia ou a uma cultura dissidente do padrão desenhado como desejável por uma sociedade. Estas escolhas sociais remontam ao conceito de traço concebido por Derridá em “Mmórias de Cego”, quando o autor aponta que, no afã de desenhar algo para que seja retido em uma memória ou para que seja guardada sua singularidade, o traço deste desenho sempre carrega consigo também um apagamento daquilo que não é visto. A própria percepção, em si, para o autor, já funciona na ordem da recordação e, por conta disso, carrega um inerente ponto cego, daquilo que não se pode – ou não se quer – ver a partir de determinado ponto de vista. Estes apagamentos derridianos não são apenas constituintes dos sujeitos: por constituírem a natureza humana, também ocorrem em um eixo coletivo, indo além do plano simbólico e comportamental e se materializando fisicamente no corpo das cidades: em suas construções e em sua estrutura urbanística. O foco inicial desta trajetória reflexiva é tecido a partir da análise de um episódio histórico na cidade de Porto Alegre, qual seja: sobre a obra do artista e empresário português Albano Pereira e de seus circos estáveis erguidos nas cidades de Porto Alegre e Rio Grande, entre 1875 e 1887. O imigrante foi o responsável pela construção de dois circos com estrutura física fixa em regiões centrais das duas cidades, os quais serviram de casa de entretenimento, sediando não apenas os espetáculos de circo montados por ele ou por companhias circenses convidadas, mas também outras atividades culturais. Esse esforço por oferecer um patrimônio de caráter público para a cultura local, no entanto, acabou sendo totalmente apagado pelo movimento urbanista de “limpeza” destas regiões, o qual não apenas levou à demolição física dos circos de Albano como também ao apagamento completo de sua existência histórica: quem contempla hoje o Mercado Público e a Praça XV hoje em Porto Alegre não tem nenhuma ideia de que ali foi erguido um circo há um século e meio, pois não há nenhuma menção deste prédio que marcou a cultura da cidade em outros tempos. De maneira semelhante vemos o mesmo processo ocorrer atualmente com outras manifestações culturais populares, como o desfile de carnaval de Porto Alegre, manifestação de origem predominantemente negra, que foi “varrido” do coração da cidade para sua extrema periferia. Percebe-se nesta movimentação de um traçado arquitetônico e histórico da cidade, o point de vue derridiano, em seu duplo sentido: o ponto de vista socialmente padronizado do qual se constrói uma história e o não visto, o apagamento daquilo que se quer (mesmo que inconscientemente) esquecer.

 

O MAL DE REGISTRO: PENSAR O URBANO A PARTIR DO HABITAR MENOR

 Gabriel Fernandes,  Dr. Paulo Reyes, Dr. Bruno Mello (UFRGS)

Este texto surge do cruzamento de questões desenvolvidas no Grupo de Pesquisa “POIESE laboratório de política e estética urbanas” com o pensamento de Jacques Derrida – autor que tem sido objeto de investigação no Grupo de Pesquisa “Arquitetura, Derrida e aproximações”. Duas imagens fotográficas que registram uma cena urbana provocaram esse ensaio crítico: a primeira, de um morador em situação de rua com sua cama em frente a um registro de imóveis; a segunda, do local onde essa cena ocorreu, na rua Padre José de Anchieta, na cidade de Pelotas/RS. Essa cena nos permite trazer à tona questões urbanas contemporâneas que, pautadas pelo pensamento de Derrida (2001) em seu livro O Monolinguismo do outro, nos impõe algumas reflexões: “Em que língua escrever memórias, a partir do momento em que não existiu língua materna autorizada?” Como é possível pensar o habitar a cidade por aquele que está à margem do sistema urbano, por aquele que não tem o direito a língua, um ser apartado da cultura? Olha-se para tais imagens como documentos visuais do real contemporâneo que nos permitem pautar questões a partir de um habitar menor, colocando em xeque o que significa “o direito à cidade”, ou ainda para quem serve os registros, para quem serve o urbanismo. O objetivo do ensaio é refletir entre o saber-fazer oriundo do campo disciplinar do urbanismo, que produz e é produzido a partir de um habitar maior (aquele que se corresponderia e se daria dentro de um sistema socioeconômico e jurídico de direito à terra) e outro saber-fazer informal (aquele que cria um habitar menor fora dos preceitos da academia). A partir dos pensamentos de Jacques Derrida, Gilles Deleuze e Felix Guattari, busca-se dirigir o olhar à uma cena urbana para pensar nas questões do direito à cidade, da desigualdade social e da colonização como algo que sobrevive e é instituído historicamente na formação urbana. Por fim, por uma crítica a uma cidade homo-hegemonia consolidada por línguas dominantes dos senhores e do capital, espera-se produzir uma reflexão crítica sobre o processo de desumanização e da exclusão do outro presente nas nossas cidades. Pretende-se ainda ir além do registro, além do ideal de propriedade e se aventurar em outras cosmovisões de mundo para poder pensar em outras formas de cidades possíveis, e pensar no que não seria reduzir as línguas ao Uno, uma não hegemonia do homogêneo no urbano.


O MONOLINGUISMO DA CIDADE

Gabriel Silva Fernandes (PROPUR/UFRGS – doutorando), Patricia Fernanda de Sousa Cruz (PROPUR/UFRGS – doutoranda) e Matheus Gomes Chemello (PROPAR/UFRGS – doutorando)

Neste trabalho, pensamos a cidade como uma produção social configurada por disputas e trocas de uma sociedade, aproximando-a à língua e à cultura. Se a língua não é posse de ninguém, sempre vem do outro, como a cidade se tornou a língua oficial da produção do espaço? Trazemos a discussão da língua como lei que denomina as coisas e, com isso, questionamos: como pode ser um mundo designado a partir da cidade? Se a cidade atua como escritura única do capital, como este signo acaba sendo uma escritura única, em sentido? Acreditamos que existem outros modos de ler e escrever cidades que não cabem no monolinguismo da homo-hegemonia culturalista; isto é, na produção hegemônica do espaço que impõe a cidade - e seu imaginário - ao restante do mundo. Ao mesmo tempo, compreendemos que, na tentativa de legitimar uma escrita subversiva da cidade, uma língua menor, incorremos no risco de reescrever as grandes literaturas em suas práticas de dominação, sujeição e colonização. Algo é interdito no escrever a cidade a partir de outras grafias e pronúncias. Sendo assim, nos perguntamos: que outras práticas de espaço, que outras formas de habitar são interditas por esse monolinguismo? Acreditamos que uma leitura descolonial da cidade pede que saibamos lê-la em braile, que interpretemos suas dobras como lacunas capazes de inscrever a vida em outros tempos que escapam à análise racional do olho, da separação. Convidamos para o colóquio espectralidades do pensamento de Ailton Krenak, Luiz Antonio Simas, Luiz Rufino, Haddock-Lobo, além dos autores do “giro descolonial”, com a intenção de problematizar a constituição da cidade-mercadoria e o descadeiramento levado pelas práticas insurgentes, contra-hegemônicas, talvez mais livres e emancipatórias, que reclamam seu lugar no mundo. Pretendemos alcançar uma leitura descolonial da cidade a partir do pensamento de Derrida. Analisaremos a cidade-mercadoria, seus produtos e seus recursos, diante das violências implicadas pela autoridade colonial e pela maneira como institui suas palavras de ordem. Serão contrapostas à cidade homo-hegemônica do capitalismo experiências que reivindiquem outros ritmos que descompassam o tempo único da cidade. Seja naquilo que não é cidade, seja naquilo que, dentro da cidade, é compreendido como detrito indesejado: toda forma de fuga que permita criar a diferença. Procuramos outros modos de experimentar a vida que escapem à marcação de um tempo único que é forjado nas cidades. Falamos, portanto, de experiência. Entendemos que existem práticas que escapam à cidade dentro de seu recorte geográfico e que existem práticas que, situadas fora de seus recortes geopolíticos, impõem, ao seu modo, fronteiras à colonização da cidade. Buscamos conjugar esses territórios existenciais em que são possíveis outros ritmos, outras marcações de tempo. Esperamos, ao final desse percurso, produzir reflexões sobre a cidade-mercadoria enquanto língua oficial, contrapondo-a ao reconhecimento de modos de r-existência: práticas, memórias, pluralidade e multiplicidade de línguas, “gírias” e "ruídos” nessa língua oficial. O que não é cidade, o que não é metropolitano, é potência e abertura para uma outra cosmovisão de mundo: é r-existência ao fechamento das línguas ao Uno.


 LINGUA DO OUTRO: UMA ARQUITETURA DE FRONTEIRA

Lorena Maia Resende; Luana Pavan Detoni e Eduardo Rocha

A brisura (no francês, brisure) é uma palavra única que expressa ao mesmo tempo diferença e articulação (DERRIDA, 1973). Metaforicamente apreende-se a brisura como a dobradiça de uma porta que possui um eixo cilíndrico conectando o marco (fixo) da folha (móvel), em permanente processo de transformação. Na ruptura, por vezes de bordas indefiníveis, o que (re)existe é a articulação, ou seja, nem separação e nem união. Sendo que a proximidade acontece na diferença, não há um dentro ou um fora, mas sim um entre que está sempre fora e dentro, simultaneamente. Percebe-se assim a brisura como parte do pensamento derridadiano que pretende fugir, ou ao menos tentar escapar, dos dualismos metafísicos. O filósofo aprofunda seus estudos teóricos e conceituais desconstrutivistas  – principalmente referente ao logocentrismo – sobre a linguagem, tanto da escrita como a da fala. No entanto, a intenção deste ensaio está em capturar a essência de tais conceitos e tecer uma costura em um outro tipo de linguagem: a da arquitetura. Assim como Derrida (2001, p. 39) discute o monolinguismo: “eu não tenho senão uma língua e ela não é minha”, referindo a incapacidade de apropriação completa de uma língua (mesmo a materna), seria então possível pensar em uma “monoarquitetura”? Quer dizer, se a língua em todo caso vem de um outro, de um outro colonizador, no qual não há unicidade em seu constante processo de apropriação, não se aplicaria também na expressão arquitetônica e/ou no desenho urbano? Com o objetivo de dar vazão a essa proposição conceitual ousada, tencionamos uma reflexão sobre o território da tríplice fronteira Brasil-Uruguay-Argentina. Este território de fronteira marcado por encontros e desencontros entre as três cidades-países (Barra do Quaraí/BR, Bella Unión/UY e Monte Caseros/AR), apesar da localização estratégica, está fisicamente afastado das capitais nacionais e desassistidas quanto às tomadas de decisões de acordo com suas circunstâncias (“as regras não são feitas nem por nem para eles”). Dessa forma, essas cidades encontram no outro – estrangeiro – uma articulação possível, às vezes mais próximas outras vezes mais distantes, porém ininterruptamente na condição característica de brisura. Se no monolinguismo tendemos a falar apenas uma língua, na zona fronteiriça, principalmente na ebulição das cidades-gêmeas, busca-se também uma linguagem própria como o “portunhol”, ou uma linguagem arquitetônica “híbrida” que acolhe traços compositivos das distintas nacionalidades. Não pretendemos aqui expor uma identidade de fronteira, uma vez que ela não está dada, não existe, mas nos propomos a identificar os rastros e as pistas que a alteridade da “monoarquitetura” pode nos ensinar, seja na ruptura com a herança colonial ou na micropolítica do cotidiano. 

A PARERGONAL AMÉRICA LATINA

Igor Guatelli. Prof. arquiteto. Faculdade Mackenzie. Brasil

Se falamos de América Latina, falamos de disseminação, da disseminação como traço-rastro espectral de um outro.  Disseminar, traços de rastros lidam com aquilo que não mais ainda é já um outro; permanencia e alteridade ao mesmo tempo. Se há disseminação, há um suplemento pois disseminar gera um espaçamento entre o que era e o que pode ser já sendo outro, um devir outro aquém e além do que é. Se há disseminação, há contaminação de um suposto Ergon ( a essência, a origem, Europa ?). A disseminação, um dos nomes do Parergon. Aquilo que subjaz (e interfere), ao [que seria] Ergon é um Parergon. E se a América Latina fosse um Parergon que se tornou Ergon, um Parergon ergonal ? O que subjaz é aquém e além, menos e mais que o  Ergon, Parergon que advém de e altera o Ergon. Suporta e interfere no ser do Ergon, provocando sua perda de centro, disseminando-o. Estamos no território do Parergon, daquilo ou daquele que contamina e se deixa contaminar, estamos habitando a borda entre o que deixou de ser [ Europa ?],  conservando-se e sendo um outro  ao mesmo tempo. Viva a parergonal América Latina

 Palavras chaves: Parergon, Derrida, America Latina, disseminação

 

DESORIGINAMENTOS: UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL DA AÇÃO DO DIAGRAMA SOBRE O TIPO.

Rovenir Duarte, Eduardo Katayama, Lais Pretti e Isabelle Marastoni (Uiversidade Federal de Londrina)

Este trabalho confronta a questão do tipo em arquitetura, e seu papel purificador da origem, com uma visão decolonial de uma origem desconstruída. Volta-se à ideação de tipo por Quatremère de Quincy, em consonância com a origem mítica da “primeira tipologia” de Marc-Antoine Laugier, chegando até as redefinições dos italianos Carlo Aymonino e Marcello Rebecchini. Contra esta leitura purista e mítica de origem, com significado transcendental, exercendo a autoridade de pai, busca-se experimentar e especular a potencialidade dos diagramas em arquitetura. Para tal promessa, abduz e apropria-se das investigações diagramáticas de Peter Eisenman, entre 1978 e 1988, e Van Berkel, entre 1993 e 2001, tomando principalmente dos conceitos de “enxerto”, do primeiro, e “hibridação”, do segundo. Tais conceitos são reposicionados e ampliados com as reflexões de Gloria Anzaldúa sobre “vida nas terras fronteiriças” e “uma nova consciência de mestiza", como também, de “culturas híbridas” de Néstor Canclini e a ideia de “diseño pluriversal” de Arturo Escobar. Neste sentido, explora-se o “enxerto” de Eisenman que, produzindo uma espécie de “origem artificial” escavada, insere um corpo alienígena dentro de um hospedeiro para prover um novo resultado, algo como a inserção de “gêneros impuros”, de Néstor Canclini, dentro da disciplina arquitetônica. De modo semelhante, o híbrido de Van Berkel, que busca criar uma incerteza sobre as propriedades exatas de seus componentes, visando estimular uma sensação estranha sobre algo que os signos não podem alcançar por meio do reconhecimento, conversa com as “terras fronteiriças” de Anzaldúa, onde a mestiza enfrenta o dilema da mestiça: “que coletividade escuta a filha de uma mãe morena?”. Tais discussões sobre o diagrama, borrando inclusive as origens dos autores europeus, visam colocá-lo na ação de desoriginamentos, frente às pretensões puras e míticas do tipo. A proposta é explorar teoricamente os potenciais rompimentos com a origem a partir da imposição gerada pela emergência da escritura diagramática, algo que liberte o arquiteto do automatismo da tradição e destina-o a destruir a primazia do original. De tal modo, como observa Spivak (1976), ao pensar Jacques Derrida, a questão é evitar a nostalgia pela origem perdida, de tal modo que não havendo a esperança de reencontrar um sentido originário, abre-se à alteridade: aquilo que sempre escapa a qualquer tentativa de apreensão e incita o desejo por um encontro sempre adiado. Afinal, quem somos?


DERRIDA Y ARQUITECTURA: COMO SI FUESE POSIBLE PONER PUERTAS AL CAMPO!

Vicente E. Medina y Cristina de Peretti

Para el desarrollo de nuestra intervención, partiremos de dos declaraciones de Derrida:

1) En la entrevista titulada "Labyrinthe et archi/texture" (Les arts de l'espace. Écrits et interventions sur l'architecture, p. 34), asegura: "Se podría decir que no hay nada más arquitectónico ni tampoco menos arquitectónico que la deconstrucción". 2) En el texto titulado "Tympan" (Marges de la philosophie, p. I), afirma: "Amplio hasta creerse interminable, un discurso que se ha llamado filosofía, […] siempre ha querido decir el límite, incluido el suyo. [...] este discurso siempre ha estado resuelto a asegurarse el control del límite (peras, limes, Grenze)".

1) Por una parte, lo que Derrida entiende por "deconstrucción" cuestiona y desestabiliza, "conmueve como un todo" -por decirlo con sus palabras- esa tradición filosófica occidental conocida con el nombre de metafísica (que en modo alguno aquél considera como un todo homogéneo e idéntico a sí mismo sino, antes bien, como un proceso histórico fluctuante que comporta sus correspondientes tensiones, conflictos y rupturas) que jerarquiza sus conceptos y sus valores (privilegio del logos y del arché, de la presencia, de la totalidad y de la reunión, etc.) y asocia, así, dicho logos con la arquitectura en cuanto "arquitectónica", arte de los sistemas, de los saberes. De ahí que no haya nada menos arquitectónico que la deconstrucción.

Frente a esta tradición cultural de Occidente, el pensamiento filosófico y ético-político de Derrida (que, simplificando mucho, podríamos denominar "deconstrucción") es un pensamiento de la indecidibilidad, de la aporía así como de la heterogeneidad, de la différance; un pensamiento asimismo que afirma incondicionalmente lo por venir, siempre imprevisible; un pensamiento que siempre está en camino, que abre constantemente nuevas vías y que, sin borrarlos, franquea fronteras y límites de todo tipo sin perder de vista ni las exigencias específicas ni la singularidad de cada contexto.

2) Por otra parte, comprobamos que, dentro de esta transversalidad, de este franqueamiento de límites y fronteras los textos de Derrida recurren con frecuencia a toda una serie de formas y de figuras espaciales, muchas de ellas tomadas de la arquitectura (o afines a ella) -concebida no ya como sustancia inmóvil e inamovible, sólida y monumental sino como tener lugar en el espacio-, que le van a servir a Derrida para desbaratar gran parte de esa arquitectónica impuesta por la tradición metafísica.

Para nuestra intervención, entre todas estas figuras hemos decidido centrarnos en las del límite y del umbral emparentadas con el discurso arquitectónico. Para abordar esta cuestión, recurriremos a las propuestas de Peter Eisenman o Bernard Tschumi quienes atienden a dichos motivos a través de la envolvente edilicia, de sus planos delimitantes, como límite indeterminado y espacio intersticial, como In-Between. También a las de Rem Koolhaas en relación a la estructura como limitante proyectual. Y a la de esos otros arquitectos no de-limitados por la denominada arquitectura deconstructivista. Todo esto nos permitirá finalmente reflexionar y abrir puertas al discurso de la inter o la transdisciplinariedad entre arquitectura y filosofía en torno al pensamiento derrideano.

CONSTRUIR E HABITAR BABEL, CARTOGRAFANDO A PRODUÇÃO A PRODUÇÃO DE IMAGENS URBANAS NA CONTEMPORANEIDADE. 

Celma Paese, Gianluca Perseu, Gabriela Ferreira Mariano

Construir. Habitar. Entre uma coisa e outra: brechas, franjas, desencaixes. A cidade construída é a cidade habitada? Percorrer as vontades de tradução e as falhas lógicas entre outra coisa e uma, arrisquemos, envolve atentar a um mundo de imagens, vistas aqui enquanto testemunhos sensíveis da diferença e de suas (im)possibilidades. Tencionando uma investigação política das subjetividades urbanas contemporâneas, a imagem da cidade é vista, aqui, não como mero produto, mas agenciamento complexo do desejo de/na/pela cidade — intimamente imbricado nas disputas pelos rumos do planejamento urbano. Em uma cultura globalizada, informacional e violentamente visual, é preciso que nos questionemos de onde vem o desejo e, portanto, as imagens que o produzem e aprisionam. Por outro lado, como o desejo produz imagens? Como imagens reforçam-se umas às outras enquanto versões dominantes de realidade? Esta se torna uma questão sobre o construir e o habitar urbanos pois esses, agenciados pela vontade neoliberal em pertencer, a qualquer custo, a determinadas classes e grupos sociais, supostamente superiores, são pasteurizados pelo consumo global de modelos estéticos. Lidamos, assim, com um obstáculo à equanimidade, ocasionado pela configuração de regimes dominantes de existência, visibilidade e autorização discursiva; pela conversão de tudo no mesmo; pela replicação de monoculturas da paisagem mundo afora; pelo pastiche fetichista de referências de projeto e planejamento urbanos. Este ensaio procura, a partir de um exercício de ciber errâncias, recortes, composições e interpretações de imagens, cartografar relações entre projeto, cidade e vida urbana na ubiquidade informacional do século XXI. Partimos, para tanto, do plano teórico proposto pelo sociólogo estado-unidense Richard Sennett, em sua obra Construir e Habitar (2018), focando em explorar o conceito de cidade aberta, as relações de hospitalidade entre as diferentes cités que constituem a ville sennettiana, e como essas questões convivem com a multiplicidade de linguagens e a impossibilidade da completude de qualquer coisa que seja parte dos sistemas arquitetônicos e seus elementos. Buscando explorar a cidade aberta de Sennett à luz da Filosofia da Diferença, agregamos à discussão o pensamento de Jacques Derrida, que, em Torres de Babel (2002), inicia questionando em que língua Babel foi construída, pois, apesar de ser um nome próprio, a palavra adquire diferentes significados. O filósofo comenta sobre a colocação irônica de Voltaire no artigo “Babel”, de seu Diccionaire Philosophique, sobre o significado da palavra: Se, no Gênese, Babel significava “confusão”, nas línguas orientais, Babel significa “a cidade de Deus” (Derrida, 2002, p.12,13). Perante tais traduções, é incontestável que a confusão exista, pois a lendária monumentalidade do artefato em questão já confundia falantes e arquitetos da época. Partindo dessas reflexões, nos interessa discutir o aspecto disputado da experiência e de suas formas de tradução como questões fundamentais para os estudos urbanos, pensando seus obstáculos e possibilidades como agenciamentos de um construir e de um habitar cujas brechas estão em negociação constante. Se os conflitos entre diferentes formas de vida são testemunhos do aspecto político da diferença, não é de se ignorar que a natureza dessas disputas perdem força quando o mercado se apropria da cidade produzida no cotidiano na forma de mercadoria espetacular, pronta para ser desejada, instagramada e, caso interesse como modelo, metaversada. Palavras-chave: Arquitetura, Derrida e aproximações; Cidade+Contemporaneidade; Cartografia da Hospitalidade; Imagem e cidade.


EN LAS HUELLAS DE LOS DESCONOCIDOS: la fosa común del cementerio de Igualada como metáfora del olvido

Leonardo Oliveira. UFRGS

Ao longo da margem esquerda do rio Anoia, em Igualada (Catalunha), desvenda-se um cemitério cuja construção nunca finalizada o torna estrutural e permanentemente aberto à leitura. O projeto arquitetônico, concebido em 1984 pelos catalães Enric Miralles e Carme Pinós, foi parcialmente construído entre 1985 e 1994 e explora os vestígios preexistentes da paisagem natural: o cemitério foi enterrado no terreno, complementado por planos abertos e volumes fragmentados que se interpenetram. O programa de necessidades se conecta com os significados de lugar, tempo e esquecimento, marcado por rastros de presenças ausentes. Próximo ao acesso ao cemitério está um espaço destinado aos desconhecidos: a fossa comum, onde estão enterrados os que não têm sepultura própria; rompendo a ordem comum, Miralles e Pinós situaram esse espaço não nas margens, mas na entrada do cemitério, ao longo de um plano inclinado e iluminado pelas variações da luz solar que atravessa os módulos de concreto. Buscando aproximar arquitetura cemiterial e filosofia, esta investigação se propõe a analisar o espaço destinado à fossa comum do cemitério de Igualada por meio do pensamento derridiano, a qual será interpretada como um texto arquitetônico, aberto e polissêmico, a partir de estudo de caso in loco. Diferindo do modo de enterramento adotado nos outros espaços do cemitério, na fossa comum os corpos são concentrados em uma vala, ocultada por duas tampas metálicas, configurando um duplo gesto de dissimulação e presença, uma vez que estas representam rastros que conduzem ao esquecimento e à memória inexistente de anônimos e desconhecidos. A ausência de sinais de identificação marca a dissolução da individualidade e instaura um diálogo com o vazio, tal como o aspecto da paisagem circundante que acolhe o cemitério. Comumente abertas em períodos de guerras, as fossas (ou valas) comuns se popularizaram durante o Regime Franquista; estima-se que milhares de vítimas políticas encontram-se enterradas em valas, muros de cemitérios ou margens de vilas e cidades espanholas. A fossa comum do cemitério de Igualada, portanto, poderia representar uma metáfora do esquecimento, daquilo que se quer esquecer na Catalunha: gestos atrozes praticados contra a alteridade humana. Essas valas ocultam o resultado de violências e impossibilitam a homenagem aos mortos, “estranhos indesejáveis” (étrangers indésirables) que, no entanto, não desaparecem por completo, uma vez que os rastros destes denunciam injustiças e a ausência do princípio da responsabilidade para com o outro.

 

LINGUAGEM, NARRATIVA E LITERATURA: A PRODUÇÃO DA CULTURA EM DERRIDA

Bianca Ramires Soares

É possível pensar que uma experiência cultural é o conjunto de uma sequência de ações, costumes, eventos e seus respectivos registros e, neste sentido, segundo Derrida (2001) no contexto da produção de uma linguagem, pode se pensar em um duplo processo de significação para a mesma. O autor formula uma ruptura em relação à existência de qualquer “língua”, ao fazer esta seção com o processo de existência de uma linguagem, sendo ela materna ou adquirida, determina, de certo modo, sua inexistência. Deste modo, simula algo semelhante a uma falta e faz inicialmente um distanciamento ao conceito de idioma. Ao formular sobre o conceito de idioma, Derrida (2001) faz uma digressão da língua em relação a questão da linguagem, colocando o conceito de dialeto e idioma a um certo distanciamento da palavra língua, e por sua vez, da linguagem.  

Neste sentido, Derrida (2001) também estabelece que nunca falamos uma única língua, rompendo com a unilateralidade com que vemos a produção das linguagens e por sua vez de seus códigos. Em uma aproximação da linguagem em relação à literatura, observamos certa sequência de articulações, primeiramente a formulação de códigos ainda que inexistente enquanto formulada, enquanto processo, após a sua unidade e transformação em significado, e então, posterior produção de narrativa.

Segundo Jacques, em uma experiência micro narrada é possível existir um registro da exceção, do que diria Derrida (2014) como o território da diferença. É traçado um diálogo com as questões relacionadas ao registro da experiência das narrativas nas cidades. Ao encarar as questões do espaço à procura da alteridade dos corpos em maior vulnerabilidade, tem-se a possibilidade de criação de narrativas em territórios que causam estranhamento. É possível fazer uma analogia à arquitetura da hospitalidade no que se refere aos espaços corpos habitados, hóspede e hospedeiro em uma relação mútua de abertura e acolhimento (FUÃO, 2015).

A literatura, enquanto instituição, não nos traz esclarecimentos, abre possibilidades dentro de universos aparentemente fechados e sem perspectiva. A literatura aproxima-se da existência, dá a liberdade para existir fora dos padrões e se pudesse ser padronizada deixaria de ser literatura (DERRIDA, 2014).

Assim, chegamos ao eixo da literalidade de um texto que, segundo Derrida, faz com que a articulação do texto possa dizer tudo, sem que o todo possa vir a ser um padrão. Encontrar um padrão na produção literária seria esgotá-la, ou pior, limitar a mesma a transitar em um mundo comum das obras já publicadas e ainda assim esgotar as mesmas. A literatura se estabelece enquanto instituição justamente pela sua capacidade de “dizer o não dito”, ou seja, de mostrar o que através de outro texto não seria possível mostrar.

Por fim, a intenção de desdobramento deste artigo é articular a diferença com base na produção de literatura latino-americana, descrevendo em um inventário cultural algumas obras e algumas narrativas em contexto de vulnerabilidade neste processo e, deste modo, fazer um movimento de reflexão e apropriação destes espaços narrados e de produção de significados culturais.

GOIÂNIA, DA PRAÇA DO TRABALHADOR E DOS PARQUES - DO “ENTRE-CIDADE” À PAISAGEM COSMOPOLITA

Wilton de Araujo Medeiros (UFG)

A perspectiva derridiana da desconstrução, rompendo com os princípios da autoridade lógica e os horizontes teleológicos metafísicos e logocêntricos, possibilita pensar muitas espacialidades e temporalidades descontínuas. E assim, pensar a cidade como escrituração do “devir”. Onde se instauram aporias, possibilitando análises do que restou às margens da história - no sentido de “não-origem”. Tal é o caso da Praça do trabalhador em Goiânia, a partir do qual, podemos fazer uma reflexão sobre a escritura urbana.

Entrever que a escrituração que a conforma, não se coaduna ao logos privilegiado de uma “ideia” preconcebida de metrópole. Sendo muito mais um locus do “outro” na tessitura urbana, tal como um texto que nada mais é do que um logos caído, torna-se, na análise desconstrucionista da praça  enquanto “entre-cidade”: um lugar do mais puro devir; um operador da desconstrução pelo desvanecer da identidade, e da presença de si como indecidibilidade de seu caráter de espaço público. Neste, e por isso mesmo, o paradoxo do monolinguismo do “outro” é vital, por ser múltiplo. Multiplicidade de paradoxos, inclusive. Insurgências de contra-origens, que subsumem iniciativas gentrificantes. Turbilhão de arraigados na vigília de desarraigados. Eixos de possibilidades analíticas, que tensionam a cidade logocentrada. Esta, com suas representações fielmente posicionadas na Praça Cívica - a qual pode ser compreendida simbolicamente como constructo de esvaziamento, muito embora monopolize os principais símbolos oficiais da identidade goianiense.

Esta tensão, pode ser visualizada a partir de uma linha imaginária de Leste a Oeste, e que perpassa a Praça Cívica, por seu eixo, por seu marco zero - grau zero da escrita? Sim, possivelmente grau zero da escrita formal, cuja “economia escriturística” refere-a Michel Certeau, em sua teorização sobre cotidianos. 

Por outro lado, podemos observar e pensar também em Goiânia, a criação de paisagens com inspirações cosmopolitas logocentradas. Muito mais afeitas à sociedade de risco, onde as conotações fatalistas implicam em controle do risco. Uma reflexão sobre os parques de Goiânia, possibilita pensar esta cidade: higienizada, homogeneizada, a qual consolida e atualiza a cidade logocentrada. Podendo ser compreendida pelo viés da decolonização, como resultante da trama colonizadora, é por isso mesmo fortemente vinculada a imagem de cosmopolitização, cuja história consolida as âncoras da tecitura desfragmentadora.


ACCIDENTES SIN SENTIDO. RELEYENDO LA ESCRITURA DERRIDIANA DESDE EL SUR

Ana Sorin (UBA-FFyL)

De la grammatologie inaugura su primer capítulo acusando recibo del poderoso etnocentrismo que ha gobernado la tradición filosófica precedente, marcando que está en perfecta consonancia con “el problema del lenguaje” tan pregnante por esos días. Lo que dice es que el vocablo “lenguaje” y la cuestión del signo han alcanzado una inflación tal que su sentido se ha devaluado por completo, y que es hora de pasar al estudio de la escritura. Esta sugerencia es en aquel punto poco menos que inentendible, porque, ¿cómo podría la escritura, que hasta donde sabemos es una forma derivada del lenguaje, reclamar alguna prioridad sobre este último? El sentido común nos enseña que la presencia antecede a la ausencia, tanto como la naturaleza a la técnica, no obstante conforme avanzamos en la lectura descubrimos que son precisamente esas supuestas evidencias las que Derrida llama a debate.

Empero, quisiéramos llamar la atención sobre un hecho bastante llamativo y es que, pese a lo dicho, la filosofía derridiana en general y su noción de écriture en particular han sido recibidas a la luz del problema del lenguaje. Muestra de ello es que se haya tomado la noción de huella (trace) como una sucesora acaso heterodoxa del signo saussuriano, y que por lo tanto se haya catalogado su pensamiento como parte del “post-estructuralismo”, cuando no del linguistic turn. En otros términos, nos interesa marcar que un férreo logocentrismo ha determinado todavía las lecturas más corrientes y difundidas de la filosofía derridiana. Frente a este panorama, ¿qué hacer? ¿Cómo leer a Derrida desde el sur?

Nuestro objetivo en este modesto trabajo es comenzar por revisar las que fueron las líneas preponderantes de lectura de la filosofía derridiana. De un modo más amplio, creemos que el enfrentamiento entre fenomenología y estructuralismo, por válido que pueda ser para abordar otras figuras del “sesentismo francés”, es insuficiente para aproximarse a Derrida. El problema con esta díada a nuestro entender no es sólo que no logre saturar su horizonte de “influencias” o que Derrida mismo haya insistido en desarmar su supuesto antagonismo, sino más bien que —afirmamos— confunda su gesto filosófico e incluso diluya su fuerza de conmoción política (que, por cierto, no creemos que recién advenga en sus obras tardías).

Como esperamos mostrar a partir del examen de su gestación –desde 1954 a 1967, pasando del planteamiento del “problema de la génesis” al “problema del signo”–, la noción derridiana de escritura mienta la conjugación no dialéctica de tiempo y espacio. No sólo no habita en una esfera trascendental ni se recluye sobre el lenguaje, sino que versa sobre la puesta en abismo de todo un orden de re-presentación en el que la presencia se virtualiza de modo de cobijar lo finito y perecedero. En este sentido, sostenemos que se trata no sólo de un pensamiento desacralizado sino de la desacralización incesante del pensamiento –de cuanto “pensar” pueda significar a nuestros oídos (humanos, demasiado humanos). En nada sorprende que su feraz potencia decolonial haya pasado desapercibida ante la crítica euro-estadounidense.

TENSIONES ENTRE SABERES E INSTITUICIONES: LO ARQUITECTÓNICO Y LO FILOSÓFICO

Carlos Mario Fisgativa. Universidad de Quindio

carlosmfisgativa@hotmail.com

Los encuentros entre disciplinas e instituciones no solo son fructíferos, sino también polémicos. Hablar de arquitectura desde las filosofías, partir de lo arquitectónico para confrontar la filosofía es una apuesta tan necesaria y tan extraña. En la formación filosófica de la que he podido ser testigo, es casi inexistente el reconocimiento del saber, de la práctica y de las tradiciones arquitectónicas. Lo que no implica que en la constitución de estas disciplinas y en su nicho universitarios no se encuentren interacciones de conceptos, de momentos históricos, de conceptos y saberes, así como una arquitectura de los saberes. Se evidencia, entonces, que las fronteras disciplinares, discursivas e institucionales no propician el encuentro entre filosofías y arquitecturas. De allí la necesidad de hacer explícita la manera en que dichas formas del saber y hacer humanístico se entretejen. Esto nos convoca a procurar un saber ver, pensar e interpretar la arquitectura que no es frecuentemente el objeto de nuestra formación “humanista”, a menos de que se decida cursar una carrera afín.

Sin embargo, como en cualquier otro diálogo que no suponga interlocutores ideales, abstractos y homogéneos que puedan intercambiar sus posiciones, porque se concibe al otro como el simple reflejo de uno mismo, en estos diálogos son necesarias las traducciones, el traslado y desplazamiento de los lenguajes. Apuesta necesaria y extraña, dado que no está dado previamente un lenguaje común, dado que los saberes y prácticas específicas de estas disciplinas no tienen por qué coincidir detalladamente. De modo que nos situamos entre un monolingüismo disciplinar o un pluralismo babélico que hace proliferar el desacuerdo. En diálogos que parten de la alteridad es necesario asumir la posibilidad de la incomprensión, del desacuerdo, motivados en esta caso por las maneras de concebir el espacio, el habitar, la ciudad, el territorio…

Ahora bien, la filosofía derridiana es un pensamiento de la escritura, pero también del espaciamiento, del tiempo que se espacializa y del espacio que se afecta por el factor temporal. Allí reside uno de los puntos de encuentro con el pensar arquitectónico, dado que ambos remiten a la espacialidad, al trazado o diseño. Más allá de las colaboraciones con algunos arquitectos reconocidos, hay en las indagaciones derridianas asuntos que aluden a lo arquitectónico, así como al uso metafórico que la filosofía hace de figuras espaciales o constructivas.

La comprensión derridiana de la escritura supone el espaciamiento, el trazado espacial, así como el complejo de temporalidades en tensión, el pasado, el futuro… Por lo cual, ejercicio de trazado y retrazado de los mapas, de las reiteraciones de escrituras espaciales. Hace posible establecer discusiones de la geografía crítica, con las cartografías en las que espacios y tiempos responden a tensiones, intereses políticos, económicos; a las memorias de quienes allí habitan. Incluso, algunos investigadores han planteado el nexo con la geografías, insistiendo en que la escritura de la tierra, la grafía de los territorios no pueden limitarse a las representaciones bidimensionales de los mapas, a las guías turísticas, a los ordenamientos políticos, administrativos y jurídicos.

Otro de los escenarios para el encuentro entre arquitecturas y filosofías es la cuestión de la ciudad. Dado que pensar y trazar el espacio urbano, no se limita a la colocación de vías, a los usos y densidades, al equipamento. Sino que hay involucrados otros factores que tienen impacto en la vida de las poblaciones y en la cotidianidad. También conviene hacer algunas menciones a la cuestión de acogimiento o del rechazo, de la hostilidad y hospitalidad. Esto no solo depende de una disposición afectiva o moral sino que remite a la comprensión filosófica de lo propio, de lo ajeno, de los nuestros y de los otros. Lo que tiene correlatos en las regulaciones de la circulación o permanencia en lugares determinados.

 

(RE)CREACIONES DEL ESPACIO HABITADO, CARTOGRAFIAS DEL CUERPO-TERRITORIO

Paula Andrea Bermúdez Mejía. Universidad de Caldas

paulabermudezarq@gmail.com

Carlos Alberto Castaño Aguirre. Universidad de San Buenaventura Armenia

carlos.castano@usbmed.edu.co

 “Que tu cuerpo sea siempre un amado espacio de revelaciones” (Pizarnik, 1990, p.237)

El cuerpo se inscribe en el territorio y el territorio en él a través del habitar, en esta poética acción se posibilita el diálogo complejo entre lo eco (casa- territorio)- bio (vida)- antrópico (cuerpo), y las lógicas estructurales del sujeto social (relaciones de fuerza y poder).

López (2016) manifiesta “un cuerpo como Territorio, se establece en una relación de tres conceptos; cuerpo en la individualidad, cuerpo desde las relaciones sociales y el cuerpo desde los aspectos experienciales” (p. 46), en este sentido el territorio como construcción social, se constituye desde los sentires individuales, pero también desde las representaciones que como colectivo se establecen a través de las identidades y memorias, a su vez atravesadas por las organizaciones de poder y resistencia, que apropian y moldean el lugar habitado. El territorio es marcado por el sentir y actuar del sujeto y sus necesidades, en una relación recíproca donde a su vez este territorio marca y condiciona el sujeto, una tensión constante entre el cuerpo y el territorio.

El presente trabajo metodológicamente se soporta en la técnica de las cartografías sociales, las cartografías elaboradas por los participantes del taller cuerpo-territorio, es el reflejo de sus constructos como habitantes de esta región (Quindío, Colombia), identificando a través del acto de pintar, sus representaciones del cuerpo, las relaciones y semejanzas que este tiene con el lugar que se ocupa, siendo esta la manera de poner en diálogo los imaginarios individuales, para evidenciar las similitudes permeadas por los devenires culturales en un colectivo, por medio del arte, el pintar y dibujar los elementos identitarios de nuestra tierra dentro del cuerpo, como primer lugar del habitar, finalizando el ejercicio con el tejido de las telas, como alusión a esa cohesión que se genera en las interacciones comunitarias y colectivas creativas.

La utilización crítica de las representaciones elaboradas en las cartografías, tienen como objeto generar instancias de intercambio colectivo para la elaboración conjunta de líneas narrativas que luchen y refuten aquellas instaladas desde diversas instancias hegemónicas. (Risler y Ares, 2013).

Las agresiones sobre el territorio evidenciadas en representaciones y grafías de agua contaminada, bosques nativos en llamas, iconos de muerte, dinero, heridas abiertas y cadenas, son constantes y ponen a la luz las preocupaciones de los participantes por aspectos ecosistémicos, de la vida y todas sus expresiones, una crisis ambiental detonada por la relación desequilibrada entre sujeto- cuerpo y lo bio-eco, donde reconocen sus cuerpos como partícipes y cómplices.

AS BORDAS ONDE O SOL NÃO BRILHA  

Dirce Eleonora Nigro Solis

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Este trabalho intenciona apresentar o contexto fronteiriço entre a luz e os espectros mais sombrios da não luminosidade, entre a visibilidade e a (in)visibilidade se apropriando como metáforas de alguns componentes de pensamento ou temáticas trazidos(as) por Derrida a partir de Memórias de Cego (1991), texto surgido como justificativa  para uma série de exposições inauguradas no Louvre de outubro de 1990 a janeiro de 1991 sob o título Partis Pris. A proposta de Derrida, um dos organizadores convidados não-especialistas em arte, mas cujo trabalho intelectual era bastante significativo para este universo, foi, então, escolher o tema da cegueira presente em desenhos e pinturas de artistas renomados. Nada mais instigante que deixar falar através das obras, dos quadros, aquilo que pode ser pensado, sentido, sem ser propriamente visto. Trata-se de, através das artes “visuais”, trazer o tema que parece estar invertido ou deslocado – percebendo-se já a desconstrução  – que é o tema do “não poder ver” com os olhos, não poder enxergar. Para tanto irão falar os demais sentidos, principalmente o tato e sua relação imediata com as mãos, o tato eleito pelo velho Demócrito como o sentido mais completo, e tal como irão atestar algumas das obras pictóricas escolhidas por Derrida. Como afirma o autor: “O tema dos desenhos de cego é antes de mais a mão. Esta se aventura, precipita-se, é certo, mas desta vez nas vezes da cabeça, como que para a preceder, prevenir, proteger”(DERRIDA,2010,p.12).Um novo olhar sobre a arte que parece derivar de uma situação aporética: o desenho, a pintura que ali estão para serem vistos, trazendo a relação entre o visível e o invisível, a arte visível retratando aqueles que não veem de algum modo com o órgão da visão. Não ver com os olhos, entretanto, significa ver com a alma, ver através da ou de uma ideia, fazendo surgir daí uma relação espectral, o deslocamento espectral do não ver. Metáforas porque irei me apropriar de alguns dos elementos trazidos por esse escrito para falar do contexto ético-político e do estético num mundo onde nem sempre o sol pode brilhar.

Palavras-chave: bordas; luz e sombra; visibilidade-invisibilidade; cegueira.

EN LAS HUELLAS DE LOS DESCONOCIDOS:  la fosa común del cementerio de Igualada como metáfora del olvido

Leonardo Oliveira

 Ao longo da margem esquerda do rio Anoia, em Igualada (Catalunha), desvenda-se um cemitério cuja construção nunca finalizada o torna estrutural e permanentemente aberto à leitura. O projeto arquitetônico, concebido em 1984 pelos catalães Enric Miralles e Carme Pinós, foi parcialmente construído entre 1985 e 1994 e explora os vestígios preexistentes da paisagem natural: o cemitério foi enterrado no terreno, complementado por planos abertos e volumes fragmentados que se interpenetram. O programa de necessidades se conecta com os significados de lugar, tempo e esquecimento, marcado por rastros de presenças ausentes. Próximo ao acesso ao cemitério está um espaço destinado aos desconhecidos: a fossa comum, onde estão enterrados os que não têm sepultura própria; rompendo a ordem comum, Miralles e Pinós situaram esse espaço não nas margens, mas na entrada do cemitério, ao longo de um plano inclinado e iluminado pelas variações da luz solar que atravessa os módulos de concreto. Buscando aproximar arquitetura cemiterial e filosofia, esta investigação se propõe a analisar o espaço destinado à fossa comum do cemitério de Igualada por meio do pensamento derridiano, a qual será interpretada como um texto arquitetônico, aberto e polissêmico, a partir de estudo de caso in loco. Diferindo do modo de enterramento adotado nos outros espaços do cemitério, na fossa comum os corpos são concentrados em uma vala, ocultada por duas tampas metálicas, configurando um duplo gesto de dissimulação e presença, uma vez que estas representam rastros que conduzem ao esquecimento e à memória inexistente de anônimos e desconhecidos. A ausência de sinais de identificação marca a dissolução da individualidade e instaura um diálogo com o vazio, tal como o aspecto da paisagem circundante que acolhe o cemitério. Comumente abertas em períodos de guerras, as fossas (ou valas) comuns se popularizaram durante o Regime Franquista; estima-se que milhares de vítimas políticas encontram-se enterradas em valas, muros de cemitérios ou margens de vilas e cidades espanholas. A fossa comum do cemitério de Igualada, portanto, poderia representar uma metáfora do esquecimento, daquilo que se quer esquecer na Catalunha: gestos atrozes praticados contra a alteridade humana. Essas valas ocultam o resultado de violências e impossibilitam a homenagem aos mortos, “estranhos indesejáveis” (étrangers indésirables) que, no entanto, não desaparecem por completo, uma vez que os rastros destes denunciam injustiças e a ausência do princípio da responsabilidade para com o outro.

COMO BORRAR FRONTEIRAS, MUROS E PAREDES,  por um projeto de unificação da America Latina.

Fernando Freitas Fuão (UFRGS) Fuao@ufrgs.br

Antes da chegada dos colonizadores europeus, as fronteiras entre os povos e as etnias  eram difusas. Uma sucessão de demarcações territoriais sucedaram-se as custas das vidas de milhares povos originários, assim como de escravos negros no Brasil. A cada nova linha limite mais mecanismo de controle e separação foram colocados. Muitos povos ficaram divididos entre um país e outro, e até mesmo dentro do mesmo pais pelas partições internas. Mas esses povos autocnes, originários que conseguiram sobreviver e resistem até hoje, com parentes de um lado e do outro, seguem circulando de um lado para o outro nessas fronteiras, cruzam as fronteiras impostas carregando comida, compras para sua existência. Espanhóis, portugueses, ingleses, franceses, holandeses trouxeram suas patéticas bandeiras, inventaram  bandeiras para seus novos dominios, e foram até o fim do mundo, na Patagônia. Por onde vão, seguem cravando suas bandeiras, agora mais sutis. Nesses espaços de fronteiras às franjas daquelas bandeiras estão lavadas de sangue; não há limites para as bandeiras, ela é o lugar da limitação. As únicas bordas existentes que encontramos na natureza são os absurdos limites impostos pelo homem, com suas cercas, seus muros, suas leis e réguas, suas propriedades, seus impostos que isolaram nossa vidas do sentido único com a natureza. Nesses contornos, nessas linhas que se constituem os chamados mapas políticos, tudo que passa por esses limites deve ser identificado. Mas, mesmo entre uma fronteira e outra, no muro sempre existirá um espaço último vago, uma fratura que revelará sempre a falsidade dos contornos e conceitos. São esses falsos contornos da representação do poder que devem ser repassados constantemente; enfim, todas as representações dos mapas e das plantas. Todos os falsos fins e começos. Poder é sobretudo representação. O que pode fazer um arquiteto- urbanista ante tamanho desafio?, o de contribuir para  reunir os povos originários através do Bem-viver na perspectiva dos Povos Indígenas e Quilombolas, da Abya Ayla para o povo Kuna, ou ainda numa ‘terra sem males’ (Guaranis). Considera-se aqui que representação também é poder, e que a representação do imaginario e do desejo devem começar por um trabalho de apagamento, de retraçamento (retrait) para a retomada desse viver. Foi isso que esses mapas fizeram desde nossa tenra infância quando olhávamos, copiavamos, e decoravamos mentalmente esses mapas: suprimiram a continuidade da vida, do mundo. Segmentaram em fragmentos políticos, bíblicos, assinalaram território, terras, marcaram lugares; desenhando e cegando- nos a possibilidade de perceber o espetáculo da continuidade do mundo. Foi e ainda é sob esse processo domesticador colonizador que os homens brancos solidificaram seu poder repartindo tudo, e apropriando-se da terra e de todos os viventes que aqui estavam. Nessa apresentação se estimulará que qualquer tentativa à saída da servidão capitalista deve começar por recriar, reparar esse imaginário ancestral; e isso está diretamente atrelada ao ataque à esses mapas, também.





 

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